O governador de São Paulo, João Doria (PDSB), anunciou envio, ainda nesta segunda-feira, 18, de projeto de lei para a Assembleia Legislativa para antecipar o feriado de 9 de Julho, que cairia em uma quinta-feira, para a próxima segunda-feira, 25. A ideia é fazer com que as pessoas fiquem em casa, aumentando o isolamento social.
"Também vamos recomendar que prefeitos de outros municípios da região metropolitana, do interior do Estado de São Paulo e do litoral possam igualmente avaliar com as suas câmaras municipais a antecipação de feriados municipais para os dias que sucedem a esses feriados aqui de São Paulo, ou seja, dias 26 e 27 de maio", disse.
"Ficou muito claro que, ao longo dos finais de semana e dos feriados nos últimos 56 dias, nós temos índices mais elevados de isolamento, e isto contribui para o controle da pandemia. Portanto, com esta decisão, nós teremos um período mais prolongado de feriados", afirmou.
A medida segue proposta apresentada pelo prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB), no domingo, e que deve ser votada nesta segunda-feira pela Câmara Municipal. O projeto prevê a antecipação dos feriados de Corpus Christi e do Dia da Consciência Negra, que seriam comemorados, respectivamente, nos dias 11 de junho e 20 de novembro.
Se os vereadores aprovarem a medida até terça-feira, os feriados devem remanejados para quarta e quinta-feira desta semana. A prefeitura pretende ainda decretar ponto facultativo na sexta. Com o feriado estadual na próxima segunda, seriam seis dias em casa na cidade.
"É muito importante que a população de São Paulo compreenda a importância do isolamento social. Quanto maior for o isolamento social, maiores as chances de superarmos a fase mais dura da quarentena", disse Doria. "Não estamos decretando o lockdown (...) Existem protocolos para isso (...) Estamos adotando todas as medidas possíveis para viabilizar o achatamento da curva", falou o governador. Em entrevista exclusiva ao Estadão publicada nesta segunda, Doria disse que adotaria a medida "se fosse necessário".
O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, Dimas Covas, afirmou que o lockdown "significa um atestado de falência do sistema público de saúde" . "Quando você decreta o lockdown é porque você perdeu a capacidade de enfrentamento da epidemia", disse. "Nós não estamos ainda nesse momento", falou o médico, ao afirmar, entretanto, que as medidas de isolamento social devem aumentar para evitar essa falência.
Nesta segunda-feira, às 16 horas, o Conselho Municipalista deve se reunir para falar sobre a antecipação dos feriados, afirmou o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. A ideia é persuadir os prefeitos para que enviem projetos às câmaras municipais o quanto antes, para que a medida possa ser adotada em conjunto na semana que vem.
A medida anunciada na capital ocorreu quando Covas decidiu suspender o mega rodízio, de 50% da frota, e voltou com o rodízio municipal de veículos tradicional. A cidade já conta 91% de lotação de suas vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
De acordo com a secreteria estadual da Saúde, a taxa de ocupação de leitos de UTI na Grande São Paulo é de 89,3%. No Estado, é de 69,8%. Ainda segundo o balanço, 5.974 pacientes estão internados em leitos de enfermaria e 3.900 em leitos de UTI, entre casos suspeitos e confirmados.
Estado chega a 4.823 mortes
Na coletiva em que a proposta foi apresentada, o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, atualizou os dados sobre o avanço da covid-19 no Estado. Entre o domingo e esta segunda, o total de mortos aumentou de 4.782 para 4.823 casos. Já o total de pessoas infectadas subiu de 62.345 para 63.006 casos. "O estado de São Paulo, em número de casos, já tem mais casos do que o México, do que a Bélgica e do que a Arábia Saudita. É uma posição já entre as nações", disse Dimas Covas.
A taxa de isolamento social na capital foi de 52% no sábado. No Estado, o índice ficou em 50%. No domingo, a taxa foi de 56% na capital e de 54% no Estado, segundo dados do governo estadual. O Centro de Contingência do Coronavírus estima que a taxa para evitar um colapso do sistema de saúde seria de 70%. O Estado estabeleceu uma meta de 60% à população.
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