Dois casos de sarampo foram registrados no município de São João de Meriti, na região metropolitana do Rio de Janeiro, na última sexta-feira, 14. As pacientes são duas crianças da mesma família, ambas com menos de um ano de idade. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, elas receberam alta médica e passam bem.

No primeiro caso, a criança começou a apresentar manchas vermelhas pelo corpo (exantema) em 28 de fevereiro. Os profissionais de saúde estimam que o período provável de incubação abrangeu de 7 a 21 de fevereiro e o de transmissibilidade, de 22 de fevereiro a 4 de março. Já no segundo caso, o exantema surgiu no dia 2 de março, com incubação do vírus entre 9 e 23 de fevereiro e transmissibilidade entre 24 de fevereiro e 6 de março.
Além das manchas, os bebês apresentaram febre, tosse, coriza e conjuntivite, evoluindo para internação em uma unidade de saúde. O município foi orientado a vacinar os profissionais onde as crianças foram atendidas e a fazer busca ativa por pacientes com suspeita da doença. Os casos seguem em investigação, a fim de encontrar a fonte da infecção.
Segundo Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ainda não é possível afirmar se os casos são importados ou autóctones — quando a infecção ocorre na mesma área geográfica em que a pessoa mora, ou seja, sem que ela tenha viajado para uma região de circulação da doença.
“Não se identificou quem transmitiu o vírus para as crianças, mas é importante termos em mente que a cobertura vacinal da Tríplice Viral (imunizante que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) é baixa em São João de Meriti”, destaca Flávia
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Segundo dados do Ministério da Saúde, em dezembro de 2024, o município tinha uma cobertura de 73,68% para a 1ª dose da vacina e de 45,30% para a 2ª. Em todo o País, a cobertura é de 95,22% para a 1ª dose e de 79,73% para a 2ª.
“É um alerta importante que mostra que a baixa cobertura vacinal permite o retorno da doença”, diz Flávia. “Ações de intensificação da vacinação, para mim, são mais que urgentes em São João do Meriti”.
Alta de casos em diferentes países
A confirmação de registros ocorre poucos meses após o Brasil reconquistar o status de País livre do sarampo e em um cenário de alta de casos no mundo.
De acordo com uma análise da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), foram registrados 127.350 casos de sarampo na Europa e na Ásia Central em 2024, o dobro do reportado em 2023 e o maior número desde 1997.
Nos Estados Unidos, já são 301 casos confirmados, 95% deles envolvendo pessoas não vacinadas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A doença causou a morte de uma criança não imunizada, o primeiro registro de óbito no País em dez anos, e um segundo caso fatal está sob investigação.
Para especialistas ouvidos pelo Estadão, a situação nesses locais serve de alerta para o Brasil e outros países: a população deve se vacinar.
Doença pode ocorrer em qualquer idade
O sarampo é causado pelo Morbillivirus e pode ocorrer em qualquer idade, com potencial de gravidade maior nas crianças abaixo de um ano, nos imunocomprometidos e em pessoas desnutridas.
Entre os principais sintomas da infecção estão febre, conjuntivite, tosse, coriza e manchas avermelhadas pelo corpo. A doença pode causar ainda complicações graves, como diarreia intensa, infecções de ouvido, cegueira, pneumonia e encefalite, e evoluir para o óbito.
A vacinação é a melhor forma de se proteger. A vacina está disponível de forma gratuita nas unidades básicas de saúde (UBSs) de todo o Brasil. Para crianças entre 12 e 15 meses de idade (quando é aplicada a primeira dose) e adultos até os 30 anos, o esquema vacinal é composto por duas aplicações. Para o público entre 30 e 59 anos, a imunização conta com apenas uma dose. Quem nunca tomou ou não lembra se tomou a vacina na infância pode repetir a aplicação.
*Com informações da Agência Brasil