É virose, intoxicação alimentar ou H. pylori? Especialista dá dicas para diferenciar quadros

Todas essas situações costumam provocar sintomas como dor de estômago, diarreia, enjoo e febre; veja formas de prevenção

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Foto do author Lara Castelo

Dor de estômago, diarreia, enjoo e febre são sintomas clássicos de diversas doenças, em especial as que afetam o estômago e o intestino. Nesses casos, algumas hipóteses diagnósticas costumam vir à cabeça, como virose, intoxicação alimentar e infecção pela bactéria H. pylori, quadros bastante comuns. Acontece que, apesar das repercussões semelhantes, esses problemas têm causas diferentes e, consequentemente, tratamentos específicos.

A seguir, o gastroenterologista Gerson Nogueira de Morais, do Hospital do Público Estadual (HSPE), cita as principais características de cada condição – lembrando que o ideal é buscar um especialista para confirmar o diagnóstico e indicar as medidas ideais de controle.

Dor de barriga é um sintoma comum a diferentes problemas, como virose, intoxicação alimentar e infecção pela bactéria H. pylori.  Foto: polkadot/Adobe Stock

Virose

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O que é conhecido popularmente como “virose” diz respeito a infecções causadas por vírus que afetam o tubo digestivo inferior, ou seja, o intestino grosso - local onde são formadas as fezes. Daí porque o principal sintoma dessas infecções, também chamadas de gastroenterocolites, é a diarreia.

Os principais agentes por trás das viroses são o rotavírus e o adenovírus, que são altamente transmissíveis, segundo Morais.

O especialista explica que a virose é uma doença de transmissão fecal-oral, ou seja, transmitida a partir do contato com materiais fecais contaminados com o vírus. Morais destaca que a transmissão pode se dar pela contato do material infectado com as vias respiratórias e não só a partir da ingestão de alimentos ou líquidos.

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A gravidade do quadro varia: para algumas pessoas, pode ser assintomático, enquanto outras podem encarar diarreia, desidratação, febre e vômito. Nesse sentido, o especialista destaca que as crianças e os idosos são mais vulneráveis a complicações, uma vez que têm sistemas imunológicos mais frágeis e, no caso dos idosos, perdem líquido com mais facilidade.

O tratamento de viroses consiste na melhora dos sintomas, em especial da desidratação, já que se perde muito líquido com a diarreia.

Intoxicação alimentar

Trata-se de um quadro de infecção também no intestino grosso causado por bactérias e algumas toxinas - e não vírus, como no caso das viroses.

A pessoa é infectada exclusivamente a partir da ingestão de água ou alimentos contaminados com o micro-organismo, e nunca pela aspiração, como pode acontecer nas viroses.

Os sintomas são parecidos com os das infecções intestinais virais, mas normalmente contam com quadros mais intensos de diarreia, incluindo a presença de sangue e/ou pus, de acordo com o especialista.

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O tratamento desses casos consiste no uso de antibióticos e outros medicamentos para combater os sintomas que devem ser determinados caso a caso por um especialista.

H. Pylori

Chama-se de H.Pylori as infecções causadas pela bactéria Helicobacter pylori na mucosa do estômago, ou seja, na membrana que reveste a parede interna do órgão.

A infecção pode causar gastrite (inflamação do revestimento do estômago), úlcera (lesão) no estômago e até câncer na região, de acordo com o gastroenterologista.

A transmissão ocorre pelo contato com fezes, saliva, água e alimentos contaminados pelo micro-organismo.

Como o principal local afetado é o estômago, e não o intestino, como acontece com a intoxicação alimentar e com a virose, os sintomas principais da infecção por H.Pylori são dores fortes de estômago e não diarreia, segundo Morais.

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O tratamento consiste, segundo o especialista, no uso de antibióticos e antissecretores (que reduzem a secreção, normalmente de ácido gástrico, produzido no estômago).

Prevenção

Apesar de serem doenças diferentes, as estratégias de prevenção contra as três doenças são semelhantes, com destaque para a higienização das mãos e dos alimentos, especialmente antes das refeições, além do armazenamento adequado dos mantimentos.

“Vale a pena prestar atenção especial em relação à conservação dos alimentos não perecíveis, principalmente no calor - condição que facilita a proliferação de microrganismos”, orienta o especialista.

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