Entidade médica alerta para risco de leptospirose no RS e sugere formas de prevenção

Nota técnica da Sociedade Brasileira de Infectologia foi elaborada em parceria com Sociedade Gaúcha de Infectologia e Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul

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Foto do author Victória  Ribeiro
Atualização:

O governo federal reconheceu o estado de calamidade pública para 336 municípios do Rio Grande do Sul no último domingo, 5, devido às fortes chuvas na região, que deixaram 83 mortos e 111 desaparecidos até o momento. Diante do cenário, a Sociedade Brasileira de Infectologia, em conjunto com a Sociedade Gaúcha de Infectologia e a Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, divulgou nota técnica alertando sobre aumento do risco de leptospirose e a melhor forma de realizar a profilaxia para prevenir a doença.

A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria do gênero Leptospira, comumente adquirida por meio do contato com água ou solo contaminados pela urina de animais infectados, principalmente ratos. As enchentes, portanto, criam um ambiente propício para a disseminação da doença, aumentando o risco para aqueles expostos às águas contaminadas.

Enchentes são consideradas ambiente propício para disseminação da leptospirose  Foto: Amanda Perobelli/Reuters

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Embora o uso de antimicrobianos não seja recomendado como conduta de rotina, a nota ressalta que em situações de alto risco, onde há exposição contínua a alagamentos e águas contaminadas, com ou sem lesões na pele, essa intervenção pode ser considerada.

A orientação se baseia em estudos, incluindo um guia da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2003, que, apesar de algumas limitações, como baixo número de participantes e falhas de randomização, indicam um potencial benefício no uso desses medicamentos em casos como o do Rio Grande do Sul.

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A principal recomendação das entidades responsáveis pelo documento é o uso de doxiciclina, administrada em dose única para adultos em pós-exposição de alto risco. Para crianças, a dose é calculada com base no peso corporal, com dose máxima estabelecida. Como alternativa, a azitromicina pode ser utilizada nas mesmas condições.

Considerando esses pontos, as recomendações para identificar pessoas em situação de alto risco e elegíveis para o uso de medicamentos de emergência são as seguintes:

  • Equipes de socorristas de resgate e voluntários com exposição prolongada à água de enchente, quando equipamentos de proteção individual não são capazes de prevenir a exposição;
  • Pessoas expostas à água de enchente por período prolongado com avaliação médica criteriosa do risco dessa exposição.

Como realizar a profilaxia?

Caso o medicamento utilizado seja a doxiciclina, as instruções de uso são as seguintes:

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  • Adultos: 200 mg por via oral, em dose única para pessoas em pós exposição de alto risco;
  • Adultos: 200 mg por via oral, uma vez por semana enquanto ocorrer a exposição (resgate/socorristas);
  • Crianças: 4 mg/kg por via oral, em dose única para crianças em pós exposição de alto risco. Dose máxima de 200 mg.

Agora, caso a medicação utilizada seja a azitromicina, as recomendações são as seguintes:

  • Adultos: 500 mg por via oral, em dose única para pessoas em pós exposição de alto risco;
  • Adultos: 500 mg por via oral, uma vez por semana enquanto ocorrer a exposição (resgate/socorristas);
  • Crianças: 10 mg/kg por via oral, em dose única para crianças em pós exposição de alto risco. Dose máxima de 500 mg.

É importante frisar que a profilaxia deve ser feita apenas com orientação médica. Além disso, ela não oferece uma proteção absoluta contra a leptospirose, e mesmo aqueles que fazem uso dos medicamentos recomendados ainda podem contrair a doença. Além disso, gestantes e lactantes não devem utilizar doxiciclina como medida preventiva.

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