BRASÍLIA - O grupo técnico do governo de transição já identificou um atraso generalizado dos programas de vacinação que são executados pelo Ministério da Saúde. Arthur Chioro, médico sanitarista que compõe o grupo da área de saúde nesta fase de transição, afirmou que não se trata apenas de atraso em imunizantes contra a covid-19, mas também de outras doenças, como poliomielite, difteria e tuberculose.
“Há uma descoordenação do ministério à frente do programa nacional de imunização, que é, evidente, pelas baixas coberturas vacinais. A partir de 2015, ela não dispensou para todas as vacinas. Nenhuma vacina para as crianças, bebês com menos de um ano hoje, tem cobertura vacinal adequada”, disse Chioro, em passagem pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde acontece a transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta quarta-feira, 23, o grupo técnico da transição tem um encontro marcado com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O grupo técnico afirma que ter confirmado que 85 milhões de brasileiros ainda não tomaram a terceira dose contra a covid-19. “É situação de vulnerabilidade, falta a dose para as crianças de 3 anos em diante, não foi feita a dose de reforço das crianças acima de 10 anos. É uma situação que não dá para se dizer que é normal. Nós podíamos estar muito mais bem preparados para receber essa nova onda (de covid), para enfrentar nessa nova onda pandêmica que já está presente no País”, disse Chioro, que usava máscara de proteção, assim como os demais membros do grupo.
Até 31 de dezembro, lembrou o médico, a responsabilidade por fazer aquisição de vacinas e cumprir os contratos é da atual gestão de Jair Bolsonaro. Um encontro com especialistas também está previsto na quinta-feira, 24. “Nós estamos convocando mais de 30 sociedades científicas na quinta-feira pela manhã, para dialogar com a gente exatamente sobre esse tema.”
O grupo técnico já fez uma solicitação de dados ao Ministério da Saúde e está no aguardo das informações.
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