Registrada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 51 países, a nova cepa do vírus da covid-19 conhecida popularmente por Éris, a EG.5 é uma subvariante da Ômicron e oficialmente ainda não detectada no Brasil. Mesmo assim, tem chamado a atenção nas últimas semanas.
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, apesar do alerta da OMS sobre a circulação da subvariante EG.5, não há indicação para recomendar o uso de máscara para toda a população. Segundo ela, a pasta monitora e avalia as evidências científicas mais atuais em níveis internacionais e o cenário epidemiológico da covid-19.
“Até o momento, sabemos que nossas vacinas protegem contra essa variante (EG.5). Não há evidências contrárias a isso. Não temos ainda indicação de recomendação do uso da máscara para toda a população”, disse.
Segundo ela, também não há informações de que essa variante pode ter grande impacto na gravidade da doença. “No atual contexto, as orientações continuam as mesmas. A vacinação é a melhor medida de combate à covid-19, com a atualização das doses de reforço para prevenção da doença, sobretudo para os grupos de risco, idosos e crianças. Tomar a dose adicional, preferencialmente as vacinas polivalentes, que o ministério colocou à disposição da população.”
Ethel explicou que, desde que a OMS retirou o estado de emergência, em maio deste ano, ainda se mantém a recomendação para que os grupos de maior risco de agravamento pela doença continuem a seguir as medidas de prevenção e controle não farmacológicas, incluindo o uso de máscaras em locais fechados, mal ventilados ou aglomerações, além do isolamento de pacientes infectados com o vírus Sars-Cov-2. “Essa recomendação também vale para pessoas com sintomas gripais”, disse.
Segundo ela, está disponível em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), gratuitamente, o antiviral nirmatrelvir/ritonavir para ser utilizado no tratamento da infecção pelo vírus logo que os sintomas aparecerem e houver confirmação do teste positivo. “Deve ser tomado nos primeiros cinco dias de sintomas”, esclareceu.
O infectologista Carlos Magno Fortaleza disse que os alertas epidemiológicos como o da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) são importantes e não podem ser banalizados. Em nota informativa publicada nesta quinta-feira, 17, a entidade afirma que, embora não tenha sido identificada no País, é possível que a variante esteja circulando de forma silenciosa, devido ao baixo índice de coleta e análise genômica no Brasil.
“Percebo que a cada nova variante da ômicron são noticiadas falas alarmistas que não têm suporte epidemiológico. Muitas vezes dão a essas subvariantes nomes de monstros assustadores, como a Kraken, e no fim elas não causam grande dano. O risco é que com o tempo a população passe a ignorar qualquer alerta pelo excesso desnecessário deles”, disse.
Segundo ele, a nota da SBI é sóbria e contida, e não traz nada de novo. Ele reforçou a necessidade de manter a atenção. “Já podemos ter essas variantes circulando, mas não parece ser uma situação fora de controle. A vigilância, não só de novas variantes, mas principalmente de internações e mortes deve guiar as medidas de controle”, disse.
Para a infectologista Raquel Stucchi, da Unicamp, apesar da baixa testagem no Brasil, já há evidências de que a subvariante EG.5 já circula no Brasil. “Ela foi relacionada ao aumento de infecção na Europa e Estados Unidos e aumento das internações também. Isso não refletiu em aumento dos óbitos, particularmente porque hoje nós dispomos de medicação para evitar que eles tenham evolução desfavorável.” Ela lembrou que gestantes, idosos e outros grupos de risco devem continuar usando máscaras.
Não há indicação, no momento, segundo ela, para o uso de máscara em todos os lugares. “É só para as pessoas que têm risco de infecção mais grave, onde incluímos aqueles que não se vacinaram ou não completaram a vacinação.”
Segundo ela, como mais pessoas devem procurar os testes, é esperado um aumento nas testagens positivas, aumento no número de casos, e aumento nas internações principalmente dessas pessoas de maior risco. “Mas não devemos ter nenhum grande impacto nos serviços de saúde como um todo. Vai haver um pouco de aumento nas internações, mas não um grande reflexo em todo o sistema de saúde”, afirmou.
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