O Estado de São Paulo voltou a registrar alta de casos e mortes pelo novo coronavírus. O crescimento começou na 2ª quinzena de abril e aumentou após o carnaval fora de época, no feriado prolongado de Tiradentes. A média móvel diária de mortes no Estado subiu de aproximadamente 22 para 32 entre a semana dos dias 17 a 23 e a última de abril - os patamares ainda são considerados baixos, se comparados com o início do ano, quando houve o surto da variante Ômicron e a média estava acima de cem.
Especialistas afirmam que é improvável um novo tsunami da covid-19 no Brasil, diante da alta taxa de imunização. Mas acreditam que a flexibilização de medidas protetivas, como o uso das máscaras, e a queda de imunidade gerada pela vacina (o que ocorre principalmente entre os idosos) merecem cuidados.
Secretário municipal de Saúde de São Paulo, Luiz Carlos Zamarco afirma que a elevação de óbitos por covid no Estado de São Paulo não tem ocorrido na capital. Em entrevista à Rádio Eldorado nesta quarta-feira, 4, ele afirmou que na capital paulista os números ainda estão estabilizados.
"Temos feito controle diário. Nosso número de atendimento com pessoas com suspeita de covid-19 tem ficado com média diária de 150 pessoas. Em relação ao número de casos notificados, observamos nesses últimos três dias acréscimo de 5.6% em relação a semana anterior, por conta dos exames feitos nas farmácias. Houve aumento de número de casos, mas sem repercussão com quadros de agravamento nos atendimentos das nossas unidades de saúde e nos pedidos de internação", disse Zamarco.
"Esse aumento pode ser reflexo do carnaval. Começamos a monitorar isso nesta semana, mas sem quadros de agravamento. As pessoas têm procurado às farmácias (para realizarem o teste). Como as farmácias fazem a notificação, é por isso que observamos o aumento de casos", disse.
Apesar de a elevação não refletir em internações e mortes na cidade, Zamarco alerta para a importância da vacinação. "É importante que as pessoas continuem se vacinando contra a covid-19. Mas também temos de atingir melhores metas com relação a imunização das crianças, que reduziu. Estamos com sarampo circulando no Estado de São Paulo, sendo um caso confirmado na cidade", acrescentou.
A tendência crescente no Estado se reflete também no número de novas infecções notificadas, que voltou a subir após cinco semanas consecutivas em queda. Mesmo com a subnotificação e os casos assintomáticos, o índice aumentou 4,3% entre a semana dos dias 17 a 23 e a semana entre 24 a 30 de abril. A média é 3.784 diagnósticos positivos por dia.
"Estamos atentos e monitorando. Temos parceria com o Instituto Butantan, em que toda semana encaminhamos amostras de pacientes testados positivos para fazer o sequenciamento genômico para verificar se há variante nova circulando na cidade de São Paulo. E permanecemos fazendo monitoramento diário das internações", ressaltou Zamarco.
Já a taxa de ocupação de leitos permanece, em média, entre 20 e 30 pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A taxa de ocupação tem ficado entre 12 e 17%. "Não houve reflexo nesse número, que continua mantendo situação estável", acrescentou o secretário.
Com relação ao número de óbitos, o secretário ressalta que há vários dias em que o Município não registra óbitos. "Ainda não observamos na nossa cidade um aumento de óbitos. Nossa média móvel tem sido de 1,4 (mortes por dia) continua caindo", afirmou ele.
Sobre a desobrigatoriedade do uso de máscaras no transporte público e em serviços de saúde, o secretário afirma que a utilização está mantida e não há previsão para mudanças na regra. "Não temos essa previsão de flexibilizar o uso de máscara. Não vemos preocupação em flexibilizar nesses ambientes", afirmou.
Já de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, o governo tem acompanhado os dados epidemiológicos que “não apresentam preocupação neste momento, devido à alta cobertura vacinal e ao baixo patamar de internações”. São Paulo tem hoje 85,76% da população total imunizada com as duas doses ou aplicação única, mas apenas 57,3% receberam a terceira dose.
"Temos visto o aumento de casos de doenças respiratórias em crianças por outros vírus, o vírus sincicial respiratório (VSR), que é o vírus que neste período do ano acomete muito as crianças, então, o uso de máscaras também não permite a circulação desse vírus", acrescentou.
Com relação ao aumento de casos de dengue no Brasil, que em quatro meses já está no mesmo patamar de todo o ano passado, o secretário afirma que estão sendo realizadas ações de combate ao mosquito. "No último final de semana, colocamos dois mil agentes nas ruas. Fomos com 77 carros com maquinário menor, que pulveriza áreas menores da cidade. E colocamos sete carros grandes, um em cada área da cidade, para manter o controle da doença", afirmou.
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