Estar em forma é melhor para a longevidade do que ser magro, aponta estudo; entenda as diferenças

Uma revisão abrangente descobriu que a baixa aptidão física aumenta significativamente o risco de morrer prematuramente, independentemente da idade ou do índice de massa corporal

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Por Gretchen Reynolds (The Washington Post)

Essa é a conclusão do maior e mais abrangente estudo já realizado sobre a relação entre aptidão aeróbica, índice de massa corporal (IMC) e longevidade. Uma revisão e análise de vários estudos anteriores revelaram que estar fora de forma duplica ou triplica o risco de morte precoce, independentemente da idade ou do IMC de uma pessoa.

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Por outro lado, pessoas com obesidade, mas que eram aerobiamente aptas, tinham cerca de metade da probabilidade de morrer jovens em comparação com aquelas com peso normal, mas baixa aptidão aeróbica.

“Isso nos mostra que é muito mais importante, considerando todos os fatores, focar na aptidão física em relação à saúde e longevidade do que na gordura”, diz Siddhartha Angadi, fisiologista do exercício na Universidade da Virgínia e principal autor do estudo.

O estudo, publicado em novembro no British Journal of Sports Medicine, soma-se ao crescente corpo de pesquisas que indica que é possível ser saudável e viver muito apresentando qualquer peso, desde que a pessoa também seja ativa e esteja em forma.

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Essa mensagem pode ser especialmente relevante agora, com as resoluções de Ano Novo em alta, pois as descobertas sugerem que até mesmo um pouco de exercício pode ser suficiente para melhorar a aptidão física e reduzir o risco de mortalidade, independentemente de termos ganhado peso no último ano ou não.

Estudo robusto mostra que você pode ficar saudável mantendo o peso corporal atual: basta se movimentar mais. Foto: เลิศลักษณ์ ทิพชัย/Adobe Stock

Você pode ter sobrepeso e ser saudável?

A questão de saber se é possível estar acima do peso, mas ser saudável, tem intrigado cientistas, além de qualquer pessoa que percebe a cintura aumentando.

Até agora, as evidências foram mistas. De modo geral, pessoas com obesidade têm riscos elevados de desenvolver outras condições graves, como diabetes, câncer e doenças cardíacas, além de serem, em geral, mais propensas a morrer precocemente do que aquelas com peso normal.

No entanto, estudos recentes sugerem que ser apto e ativo pode mudar esses resultados, independentemente do IMC. Em uma revisão de pesquisas anteriores, publicada em 2021, por exemplo, pesquisadores, incluindo Angadi, compararam os ganhos de longevidade ao iniciar um programa de exercícios ou dieta em pessoas com obesidade. O exercício reduziu o risco de morte precoce em cerca de 30%, mesmo que as pessoas não perdessem peso, o que foi aproximadamente o dobro dos ganhos obtidos ao emagrecer com dieta.

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Porém, muitos desses estudos anteriores envolveram grupos relativamente pequenos, a maioria composta por homens e americanos, e as definições de “aptidão” frequentemente se baseavam em dados subjetivos, como lembranças das pessoas sobre o quanto haviam se exercitado recentemente.

Para o novo estudo, Angadi e seus colegas decidiram ampliar o escopo.

A ligação entre IMC, aptidão e longevidade

“Queríamos incluir mais mulheres e obter representatividade de outras nações”, conta Angadi.

Eles começaram vasculhando bancos de dados de pesquisas, procurando estudos anteriores que investigassem o IMC, a aptidão e a longevidade, incluindo medidas objetivas da aptidão aeróbica das pessoas, geralmente obtidas por meio de um teste de esforço cardiovascular.

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Eles reuniram 20 estudos envolvendo quase 400 mil pessoas de meia-idade ou mais velhas de várias nações, cerca de 30% delas mulheres.

Com base nesses estudos, dividiram os participantes entre os que estavam fora de forma – definidos como aqueles cujo teste de esforço os colocava entre os 20% com níveis mais baixos de resistência em sua faixa etária e gênero – e os aptos, que estavam nos 80% superiores.

Eles também coletaram dados sobre quem havia morrido durante os períodos de acompanhamento, que duraram até cerca de duas décadas.

Por fim, compararam o IMC, a aptidão e as mortes.

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Caminhadas rápidas são suficientes para melhorar a aptidão

Como esperado, a obesidade estava fortemente associada à mortalidade. Homens e mulheres com obesidade, que também estavam fora de forma, tinham cerca de três vezes mais probabilidade de morrer precocemente do que pessoas aptas com IMC normal.

Mas a má aptidão trazia seus próprios perigos. Na verdade, pessoas de peso normal que ficaram nos 20% inferiores em aptidão tinham cerca de duas vezes mais probabilidade de morrer jovens do que pessoas com obesidade consideradas aptas.

“Do ponto de vista estatístico, a aptidão praticamente eliminou o risco” de morte precoce por condições relacionadas à obesidade, calcula Angadi.

“Esse estudo é importante porque confirma que a aptidão cardiorrespiratória é fortemente protetora contra a mortalidade em qualquer IMC e reforça a evidência de que essa relação é verdadeira tanto para mulheres quanto para homens”, resume Barry Braun, diretor do Laboratório de Pesquisa Clínica de Desempenho Humano da Universidade Estadual do Colorado, que estuda exercício e peso corporal, mas não participou da nova pesquisa.

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O estudo também sugere que é necessário pouco esforço para sair da condição de não estar em forma para estar em forma. Alguém no grupo dos 20% inferiores em aptidão para sua idade só precisa se exercitar o suficiente para subir ao 21º percentil, comenta Angadi.

Para a maioria de nós, isso pode significar muitas “caminhadas rápidas”, afirma Angadi. Exercícios moderados – ou seja, qualquer esforço que seja intenso o suficiente para que você consiga falar, mas não cantar, como uma caminhada rápida com movimento dos braços – melhoram a aptidão de forma confiável. (Se você quiser uma medida precisa de sua aptidão atual, peça ao seu médico ou a um laboratório de fisiologia um teste de esforço e compare seus números com tabelas de níveis típicos de aptidão por idade e gênero disponíveis online.)

Depois, passe mais tempo caminhando e se exercitando do que se preocupando com o peso, diz John Thyfault, professor do Centro Médico da Universidade do Kansas que estuda obesidade, exercício e saúde. (Ele não participou do novo estudo.) A ciência agora mostra de forma esmagadora que “a aptidão aeróbica é mais importante para o risco de mortalidade do que o status de peso corporal”, nota ele.

“Sim, as pessoas podem querer perder peso por uma variedade de razões”, ele comenta. “Mas é importante saber que você pode ficar mais saudável no peso corporal atual apenas se movimentando mais.”

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Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

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