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Faltam remédios para covid-19 em 18 Estados; medicamentos podem acabar em dez dias

Em ofícios a Bolsonaro, governadores alertam para ameaça de colapso de remédios em meio à crise da covid-19

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Foto do author Marcelo Godoy

SÃO PAULO - Onze medicamentos - de analgésicos e bloqueadores neuromusculares - podem faltar em até dez dias no País, provocando, segundo o Fórum Nacional de Governadores, “um colapso dentro do colapso” que vive a saúde pública do Brasil em razão da pandemia de covid-19. De acordo com documento do fórum, já são 18 os Estados que relatam a escassez, por exemplo, de bloqueadores neuromusculares, usados para a intubação de pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

O alerta foi feito em dois ofícios enviados nessa quinta-feira, 18, pelo fórum ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que deve deixar oficialmente cargo ainda nesta sexta-feira. Os documentos têm como título "Irregularidades na cadeia de suprimento dos medicamentos utilizados para IOT Covid-19". IOT é a intubação orotraqueal, necessária para os pacientes graves com a doença.

Equipe médica atuando em hospital de São Paulo no combate à pandemia de covid-19 Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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De acordo com o documento, desde maio de 2020, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) acompanha com as secretarias estaduais de Saúde e em apoio ao Ministério da Saúde, e monitora o abastecimento de medicamentos integrantes do chamado “kit intubação”. Os governadores prosseguem afirmando que diante do “grave crescimento do número de casos da doença registrados nas últimas semanas, faz-se necessário reiterar a preocupação relatada pelo referido Conselho, em diversas oportunidades, no gabinete de crise do Ministério da Saúde, sobre irregularidades no abastecimento do SUS com medicamentos bloqueadores neuromusculares, anestésicos e sedativos, utilizados na indução e manutenção de tratamento, por meio de Intubação Orotraqueal”.

Os governadores temem que a falta de ação do ministério reproduza em escala nacional o desastre registrado em Manaus, quando, apesar de alertado sobre a iminente falta de oxigênio, o governo federal teria se omitido em vez de impedir que pacientes morressem sufocados no País. A divulgação dos ofícios serviria como prova de que os governadores pediram socorro antes da catástrofe. Nesta quinta-feira, em sua live, o presidente Bolsonaro mais uma vez pôs em dúvida o número de mortos por covid-19 no País e defendeu tratamentos “alternativos” para pacientes graves.

“'São 18 Estados com escassez de bloqueadores neuromusculares. Mandamos ofício para o ministro da Saúde e para o presidente Jair Bolsonaro pedindo que o Ministério da Saúde faça as compras e distribua para os Estados e municípios para evitar a falta de 11 medicamentos para que a gente não tenha um colapso dentro do colapso hospitalar", afirmou o governador do Piauí Wellington Dias (PT). Assinam o documento 13 governadores de todas as regiões do País, entre os quais o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) e Mauro Mendes (DEM), do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), e Waldez Góes (PDT), do Amapá.

Governadores alertam para ameaça de colapso de remédios em meio à crise da covid-19. Foto: Divulgação

O documento diz que ao menos 11 medicamentos estão em falta ou em baixa cobertura (entre 0-20 dias) em mais de dez Estados; notadamente, sendo que a situação dos bloqueadores neuromusculares é a mais grave, pois eles estão “estão em falta ou em baixa cobertura (entre 0-20 dias) em pelo menos 18 estados”. Diante da situação, os governadores pedem que sejam feitas compras emergenciais de forma intensiva e contínua pelo período mínimo de 60 dias, “levando-se em consideração quantidades suficientes para distribuição a todas as Unidades Federativas de forma linear”. Eles ainda sugerem que sejam feitas compras internacionais com o uso da Força Aérea Brasileira para trazer os medicamentos para o País.

Querem ainda redução do preço dos medicamentos, que sofreram um aumento de 75% na crise. Por fim, pedem o adiamento de todas as cirurgias eletivas no País por um prazo de 60 dias como norma para o País todo no setor público de saúde e no privado, “bem como a retomada do pagamento, na integralidade, aos prestadores de serviço (não mediante desconto de metas, sem cobertura desde janeiro)." Os documentos foram enviados na noite de quinta pelo Fórum ao governo federal. Até agora não obtiveram resposta.

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