O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) anunciou nesta terça-feira, 12, a conclusão dos testes clínicos fase 1 - aqueles que demonstram segurança do produto - da primeira vacina para esquistossomose, doença que atinge 200 milhões de pessoas em todo o mundo. Ela também é uma vacina inédita para doenças transmitidas por vermes.
Os estudos, iniciados há 30 anos e liderados pela pesquisadora do IOC Miriam Tendler, identificaram que o verme transmissor da esquistossomose tem a proteína Sm14, que é responsável pelo transporte do lipídio do hospedeiro para o parasita. Sem essa proteína, o verme morre, por falta de energia.
A Sm14, no organismo humano, induz a produção de anticorpos que a neutralizam, interrompendo a transmissão da doença. A expectativa dos pesquisadores é que a vacina chegue ao mercado entre três e quatro anos.
A esquistossomose afeta 200 milhões de pessoas em áreas pobres e tem potencial para atingir um universo de 800 milhões de pessoas expostas aos riscos de contágio no Brasil (principalmente no Nordeste e em Minas Gerais), nos países africanos e na América Central.
A esquistossomose é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a segunda doença parasitária mais devastadora, atrás apenas da malária. "É uma doença dos países pobres, associada à miséria", resume Miriam. Ela calcula que, no prazo máximo de cinco anos, seja possível imunizar a população dos locais onde ocorre a endemia.
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