A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou uma série de mapas que mostram o agravamento da pandemia de covid-19 no Brasil. Desde julho de 2020, o Observatório Covid-19 tem publicado boletins quinzenais sobre o coronavírus e apresenta dados sobre Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), casos e óbitos por covid-19 e taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS).
"Observar na sequência de 17 mapas, mesmo no período entre a segunda metade de julho e o mês de agosto, quando foram registrados os maiores números de casos e óbitos, não tivemos um cenário como o atual, com a maioria dos estados e Distrito Federal na zona de alerta crítica", alerta o novo documento.
Essa série histórica de mapas evidencia que a ocupação de leitos de UTI para covid-19 em todos os Estados e Distrito Federal vem crescendo nas últimas semanas e levando alguns lugares ao colapso hospitalar. Em 1º de março de 2021, apenas o Sergipe está no nível de alerta baixo. Outros sete Estados estão em alerta médio e todos os outros em nível crítico de alerta.
'Dados mais graves da pandemia', alerta Fiocruz
O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, afirmou que a pandemia de covid-19 no Brasil deve alcançar patamares “dramáticos” nas próximas semanas se nada for feito para deter a circulação do vírus. Em vídeo divulgado pela Fiocruz na manhã desta sexta-feira, 05, Krieger faz um apelo à população:
“Estamos todos cansados da pandemia, não é fácil para ninguém. (...) Mas os dados neste momento são os mais graves de toda a pandemia, com o maior número de mortos e o maior número de casos associados a uma grande circulação de uma variante (do vírus) com possibilidade de maior transmissão. Temos que reduzir a possibilidade de circulação até aumentar o número de pessoas protegidas.”
O alerta foi feito um dia depois da divulgação dos resultados de uma análise feita pela Fiocruz em oito Estados das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do País que constatou a prevalência das variantes mais preocupantes do coronavírus Sars-CoV-2 em pelo menos seis deles. O dado, obtido a partir de uma nova ferramenta de análise genética, indica que há uma dispersão geográfica dessas variantes nos Estados, assim como uma alta prevalência em todas as regiões avaliadas.
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De acordo com nota divulgada no início da noite pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz, foram avaliadas mil amostras dos Estados de Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A ferramenta usada é capaz de detectar a mutação no vírus que é comum nas três variantes que mais vem preocupando o mundo atualmente - a P.1, identificada inicialmente no Amazonas, a B.1.1.7, originada no Reino Unido, e a B.1.351, na África do Sul.
Dos seis Estados, somente em Minas Gerais e Alagoas a presença da mutação ocorreu em menos da metade das amostras - respectivamente 30,3% e 42,6%. Os Estados em que elas mais aparecem são Ceará (71,9%) e Parná (70,4%). A situação nos demais é: PE (50,8%), RJ (62,7%), RS (62,5%), SC (63,7%).