O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, assinou medida criando a Operação Covid-19, emprego das Forças Armadas em todo o País, no auxílio aos Estados e municípios no combate ao coronavírus. Nesse caso, não se trata do emprego de Forças Armadas em Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como normalmente ocorre. Trata-se de uma operação "de apoio às ações dos órgãos de saúde e de segurança pública".
Pela medida, que é uma "diretriz ministerial", os dez comandos conjuntos das três Forças criados no País vão oferecer aos governos municipais e estaduais ajuda com médicos e militares na área da segurança. Os militares auxiliarão também nas fronteiras. No caso de saúde pública, como as Forças Armadas dispõem de pessoal qualificado, elas colocarão à disposição médicos e enfermeiros, que poderão realizar triagem em uma espécie de hospitais de campanha, por exemplo, ou em barracas que poderão ser montadas, à medida que houver agravamento da crise.
Os pacientes receberiam um primeiro atendimento nestes locais improvisados e seriam, em seguida, distribuídos para a rede de saúde local. Como as Forças Armadas só dispõem de cinco hospitais de campanha efetivamente montados, está se discutindo a possibilidade de utilização de barracas e contêiner para atendimento, tão logo seja necessário.
Os militares devem ajudar também a controlar passageiros em portos e aeroportos e apoiar ações na faixa de fronteira, além de ajudar na triagem de pacientes e na realização de testes farmacêuticos.
A exemplo de outros países, os militares devem ser empregados em ações conjuntas com agências e órgãos federais e estaduais nas áreas da Saúde e da Segurança Pública. “O Estado deve usar toda a capacidade que tem e pode mobilizar para uma crise como essa”, afirmou o cientista político Eliezer Rizzo de Oliveira. “Este é um uso muito digno, necessário e muito patriótico de nossos militares para a Defesa do País.” Nesta quinta-feira, a Alemanha anunciou que pôs as Forças Armadas de prontidão no mesmo dia em que países como Chile e Jordânia anunciaram o uso de seus militares. Na Itália, o Exército ajuda no controle de cidades. No caso do Brasil, as Forças terão de planejar o apoio logístico a órgãos federais. A Marinha ajudará a controlar passageiros nos portos e a Força Aérea, nos aeroportos. O Exército vai auxiliar a fiscalização da fronteira e deve empregar meios da defesa biológica e química para a descontaminação de material. Os civis e militares do ministério devem participar de campanhas de conscientização, além de apoiar a triagem de pessoas suspeitas de contaminação. O apoio dos militares aos Estados depende de pedido dos governadores.
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