Temos de pensar em manchas populacionais. Não dá para resolver a situação da capital sem pensar na mancha populacional conurbada da Grande São Paulo. Estamos em um momento de exceção, e isso deveria levar o Município de São Paulo a dialogar com o Estado também sobre a região metropolitana.
Deveríamos decretar lockdown. Teríamos de ser muito mais pesados com a redução da circulação de pessoas. Construção civil teria de ter parado, parar mais áreas do comércio e algumas industriais. Nós imitamos lockdown, mas não tivemos um.
E como fiscalizar? Uma parte da população fica na rua: policiais. E já que não dá para contar com o Exército, porque o governo federal está fora da pandemia, temos aspolícias locais: metropolitana, civil e militar. E teria de haver sanção para não deixar quem foge da regra na impunidade.
As medidas da Prefeitura são interessantes, de adiantar feriados e ampliar o rodízio. Seria melhor também aumentar o número de ônibus. Espero que não diminua o tempo de circulação de metrô e trens urbanos, que devem viajar com o mínimo de distancia entre uma composição e outra, para impedir aglomerações.
Já as medidas que o Estado tomou - de reduzir o ICMS da carne e do leite na tentativa de aumentar o acesso aos alimentos - são importantes, mas insuficientes. Teríamos de ter medidas mais no âmbito federal, inclusive do ponto de vista socorrer o pequeno e médio empreendimento. Isso cria tranquilidade também para enfrentar esse momento econômico único. E finalmente o auxílio emergencial, de R$ 150, que é fraco, mas é melhor do que nada. Temos de fazer isso de maneira inteligente, garantir o acesso desse dinheiro a população mais desprovida de recursos, os mais pobres.
*É MÉDICO SANITARISTA, EX-SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO E COLUNISTA DO ‘ESTADÃO’
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