Colômbia investiga relação de microcefalia e zika em 41 casos

País tem 58.838 pessoas infectadas com zika; em 2016, número de casos da má-formação aumentou 66% em relação à média histórica

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O governo da Colômbia está investigando se 41 casos de microcefalia em recém-nascidos têm relação com o vírus da zika. Um boletim do Instituto Nacional de Saúde (INS) da Colômbia revela que o número de casos de microcefalia registrados no país desde o início do ano é 66% maior do que a média histórica.

De acordo com boletim do INS, o país tem 58.838 pessoas infectadas com zika e, até o meio de março, foram registrados 50 casos de microcefalia. Deste total, nove casos tiveram resultado negativo para zika. Segundo o instituto, em comparação à média mensal histórica de microcefalia no país "seriam esperados 30 casos acumulados nesse período.

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O aumento de registros de microcefalia relacionado à zika, no entanto, não é suficiente para comprovar cientificamente que o vírus seja a causa da má-formação, de acordo com o cientista brasileiro Márcio Nunes, chefe do laboratório de Genômica do Instituto Evandro Chagas e professor da Universidade do Texas.

"Existem indícios de que a introdução do vírus nas Américas - em particular na Colômbia e no Brasil - está ligada ao aumento dos casos de microcefalia. Os dados divulgados pela Colômbia reforçam essa suspeita, mas é necessário fazer estudos mais robustos para estabelecer essa relação causal e ter certeza de que, de fato, o zika é o vilão da microcefalia", disse Nunes ao Estado.

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Segundo Nunes, será preciso concluir uma série de estudos de coorte, aqueles nos quais os indivíduos de uma população exposta a uma doença são classificados e acompanhados por um longo tempo para avaliar sua incidência.

"Esses estudos de coorte estão em andamento e deveremos ter resultados nos próximos meses. Até lá, é prematuro falar em comprovação da zika como causa da microcefalia. Não temos comprovação científica. Por isso estão sendo feitos grandes investimentos nesse tipo de pesquisa", afirmou Nunes.

Em relação à síndrome de Guillain-Barré, o sistema de vigilância epidemiológica da Colômbia registrou 381 casos "com antecedente de enfermidade febril compatível com a infecção pelo vírus". Segundo cálculos do governo colombiano, cerca de 500 bebês podem nascer com microcefalia ligada à zika no país e outros 500 com a síndrome de Guillain-Barré. 

Diante desse quadro, o governo colombiano sugere que os casais evitem engravidar durante a fase de expansão do vírus. Dos 58.838 indivíduos infectados, 10.812 são mulheres grávidas. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS 

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