SP começa a aplicar terceira dose a partir de segunda e quer imunizar maiores de 60 anos até outubro

Vacinação de outros grupos com mais de 60 anos e de imunossuprimidos começa nas semanas seguintes e se estende até o dia 10 de outubro. Confira o calendário divulgado nesta quarta-feira pelo governo de São Paulo

PUBLICIDADE

Por Ítalo Lo Re
Atualização:

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), apresentou em coletiva realizada no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira, 1º, o calendário de vacinação da terceira dose contra a covid-19 para idosos e imunossuprimidos. De acordo com o cronograma, o governo estadual começará a imunizar com a dose adicional o público acima de 90 anos na próxima segunda-feira, 6. Já a vacinação de outros grupos com mais de 60 anos e de imunossuprimidos acima de 18 anos acontece nas semanas seguintes e se estende até o dia 10 de outubro.

Governo de São Paulo anuncia medidas de combate à pandemia no Estado Foto: Governo de SP

PUBLICIDADE

O governo de São Paulo informou que, ao todo, as terceiras doses serão destinadas a 7,2 milhões de pessoas. A primeira fase da campanha de vacinação, que vai até o dia 10 de outubro, pretende imunizar 1 milhão desse total. Confira abaixo o cronograma apresentado nesta quarta:

  • 06 a 12/09: pessoas com mais de 90 anos;
  • 13 a 19/09: pessoas de 85 a 89 anos;
  • 20 a 26/09: pessoas de 80 a 84 anos e imunossuprimidos com mais de 18 anos;
  • 27/09 a 03/10: pessoas de 70 a 79 anos;
  • 04 a 10/10: pessoas de 60 a 69 anos.

A vacinação com a terceira dose, de acordo com o governo estadual, foi planejada para atender grupos acima de 60 anos que já tomaram a segunda dose da vacina há pelo menos seis meses. Ainda assim, a coordenadora do Programa Estadual de Imunização (PEI), Regiane de Paula, explicou que podem ser feitos acertos no calendário, a depender das demandas dos municípios. 

Segundo ela, se maiores de 60 anos completarem seis meses de vacinação somente após o dia 10 de outubro, "não há problema nenhum". "É sempre um processo contínuo, dinâmico", explicou a coordenadora do PEI. Para imunossuprimidos, o critério é outro. "Diferentemente da população de 60 anos ou mais, para esse público, nós vamos trabalhar com eles tendo completado o esquema vacinal, das duas doses ou da dose única, há pelo menos 28 dias", acrescentou Regiane.

Celandário de vacinação com a terceira dose do Estado de São Paulo Foto: Reprodução/Governo de SP

Ainda durante a coletiva, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, e outros especialistas da área médica, como o infectologista do Hospital Emílio Ribas Sérgio Cimerman, defenderam a importância de utilizar a Coronavac também na vacinação da terceira dose, principalmente para acelerar o processo de vacinação. "Nós não podemos deixar nenhuma vacina (de) fora, nós precisamos que todas estejam e sejam incluídas no nosso Programa Nacional de Imunização", enfatizou Gorinchteyn, reforçando que novas variantes já estão no País.

Já o coordenador do Comitê Científico do governo estadual, João Gabbardo, citou a nota técnica 27/2021, do Ministério da Saúde, que apontou "amplificação da resposta imune" após utilização da terceira dose da Coronavac, para defender que a vacina seja administrada como dose adicional. Isso permitiria, segundo ele, antecipar a segunda dose da Pfizer em faixas mais jovens e incluir o grupo de trabalhadores da área da saúde no calendário da terceira dose.

Publicidade

Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a aplicação no País da terceira dose da vacina a partir de 15 de setembro em idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos. Conforme a pasta, a imunização deverá ser feita preferencialmente com uma dose da Pfizer ou, de modo alternativo, com a vacina da Janssen ou da AstraZeneca. Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, ao descredenciar a Coronavac como terceira dose mesmo após os resultados da nota 27/2021, o ministério tem um posicionamento que pode ser considerado "até mais político" do que técnico.

Nota do Ministério da Saúde

Em nota publicada pouco após a coletiva realizada pelo governo de São Paulo nesta quarta, o Ministério da Saúde informou que "não garantirá doses para os Estados e municípios que adotarem esquemas vacinais diferentes do que foi definido por representantes da União, Estados e municípios" no PNO (Plano Nacional de Operacionalização) da vacinação contra a covid-19.

Segundo a pasta, decisões sobre aplicação de doses adicionais para idosos e imunossuprimidos, redução de intervalo entre doses, vacinação de gestantes e adolescentes, entre outras, são baseadas em evidências científicas e ampla discussão entre especialistas. Além de análise de cenário epidemiológico, população-alvo, disponibilidade de doses e autorização de órgãos regulatórios, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

"As alterações nas recomendações do PNO podem influenciar na segurança e eficácia das vacinas na população e podem, ainda, acarretar na falta de doses para completar o esquema vacinal na população brasileira", acrescentou o Ministério da Saúde.

Avanço da variante Delta

A prefeitura de Piracicaba informou na segunda-feira, 30, que a cidade registrou a primeira morte em São Paulo causada pela variante Delta do novo coronavírus. O caso foi reportado à Secretaria de Estado da Saúde, que informou ao Estadão estar investigando os detalhes. Classificada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Delta é considerada mais transmissível do que outras cepas.

Publicidade

Até o momento, segundo o Ministério da Saúde, o Estado de São Paulo tem 757 casos confirmados da Delta. Ao todo, além de ao menos 67 vítimas da cepa, o Brasil já tem 2,6 mil casos confirmados da variante — um aumento de 86% em relação ao número de terça passada (1,4 mil).

Vacinação no Estado de São Paulo

Dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa apontam que, proporcionalmente, São Paulo é o Estado que mais vacinou com a primeira dose, com 72,37% dos habitantes parcialmente imunizados. Enquanto isso, 37,18% da população do Estado recebeu duas doses ou dose única de vacinas anticovid.

Com o avanço nos índices, a partir desta quarta-feira, a capital paulista passou a exigir o “passaporte da vacina” em eventos com mais de 500 pessoas. No setor de eventos, empresas correm com adaptações de última hora para atender a medida.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.