Criança indígena é a primeira a ser vacinada contra a covid-19 em São Paulo

Governo do Estado realiza cerimônia nesta sexta-feira no Hospital das Clínicas. A aplicação para o público-alvo em geral está prevista para começar na capital paulista na próxima segunda-feira, 17.

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Foto do author Renata Okumura
Foto do author Leon Ferrari

SÃO PAULO -O menino Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, indígena aldeado da tribo Xavantes, de 8 anos, foi a primeira criança a ser vacinada contra a covid-19 no Estado de São Paulo. O governo paulista realizou na tarde desta sexta-feira, 14, uma cerimônia para marcar o início da campanha para a faixa etária de 5 a 11 anos. A aplicação para o público-alvo em geral, no entanto, só está prevista para começar na capital paulista na próxima segunda-feira, 17. 

Criança Davi recebeu a vacina contra a covid-19 em cerimônia realizada pelo governo do Estado no Hospital das Clínicas Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

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O pai de Davi, cacique Jurandir Seremramiwe, chefe da etnia xavante no Mato Grosso, participou da cerimônia por vídeo chamada. “Que seja tomada a vacina. Não esquecer o uso da máscara, o distanciamento. E aí, para a nova geração, será seguro quando voltarem às aulas”, disse. “Que o resto do Brasil possa fazer essa campanha para que amanhã tenhamos alegria e sorriso. Vacina é importante”, continuou. Davi tem uma deficiência motora, vive em Piracicaba, no interior do Estado, e faz tratamento no Hospital das Clínicas.

Outras dez crianças, entre pessoas com deficiência, com comorbidades e quilombolas, também receberam a vacinação de forma simbólica nesta tarde no hospital. O evento é semelhante ao que foi realizado em 17 de janeiro de 2021, quando a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, moradora de Itaquera, com perfil de alto risco para complicações da covid-19, recebeu a Coronavac no braço - inclusive as vacinas foram aplicadas pela mesma enfermeira, Jéssica Pires de Camargo.

São Paulo recebeu 234 mil doses pediátricas, distribuídas pelo Ministério da Saúde. O público-alvo prioritário do Estado, no entanto, é de 850 mil crianças. O levantamento desse número foi feito pelo próprio governo estadual.

A orientação do governo estadual é que a aplicação no público-alvo geral comece a partir desta sexta-feira. São Bernardo do Campo, na região metropolitana, fará isso às 17h, na Unidade Básica de Saúde Baeta Neves. Já na capital do Estado, a previsão é começar na próxima segunda-feira, 17.

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Aplicação por idade está prevista para a segunda quinzena de fevereiro

Secretário executivo da pasta de Saúde estadual, Eduardo Ribeiro especificou os prazos estimados para a campanha de vacinação infantil em São Paulo. A ideia é imunizar todo grupo prioritário entre 14 de janeiro e 10 de fevereiro. A imunização por idade começaria, então, na segunda quinzena de fevereiro. Indo de 11 anos até 9 anos (parcialmente) até o final do segundo mês do ano.

Esses prazos, porém, dependem do repasse de doses pelo governo federal. A estimativa da União é receber 4,3 milhões de injeções pediátricas da Pfizer até final de janeiro. 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reforçou que o Estado tem capacidade de vacinar cerca de 250 mil crianças por dia. Para isso, contou, foram compradas 9 milhões de agulhas e seringas, além de ter treinado profissionais para imunizar os mais novos em 5.200 postos e 268 escolas. 

Assista à cerimônia promovida pelo governo de São Paulo

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O governo paulista também espera que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove a vacina da Coronavac para o público de 3 até 11 anos ainda na semana que vem. Regiane adiantou que com aval do órgão, há possibilidade de vacinar “toda” essa população. Ribeiro relembrou que há 12 milhões de doses do imunizante em SP. 

O governador Doria acompanhou a vacinação do público infantil.  Ele é pré-candidato à presidência da República e tenta mais uma vez antecipar a aplicação no Estado. Já o presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, tem se manifestado contra a vacinação infantil e adiou o início da campanha, mesmo após a aprovação da Anvisa. 

Doria destacou que caso o governo federal tivesse se prontificado em iniciar a vacinação assim que a agência deu aval, em 16 de dezembro, todas as crianças brasileiras já teriam recebido ao menos uma dose. “Um governo que retarda a vacina para crianças por motivos ideológicos é um governo desumano'', declarou.

Primeiro lote chegou ao País nesta quinta-feira

O primeiro lote com 1,2 milhão de doses da Pfizer, a única vacina autorizada para ser aplicada nesta faixa etária até o momento, chegou ao Brasil por volta das 4h45 de quinta-feira, 13. A remessa com 1,2 milhão de doses desembarcou no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (São Paulo). Cerca de 248 mil doses são direcionadas ao Estado paulista.

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A imunização para a faixa etária de 5 a 11 anos deve ter atendimento preferencial ao público com deficiências, comorbidades, indígenas e quilombolas.

No mesmo dia em que recebeu as vacinas, o Estado de São Paulo abriu o pré-cadastro de crianças dos 5 aos 11 anos para a vacinação contra o coronavírus. Pais e responsáveis podem fazer o registro no portal Vacina Já. 

A capital paulista deve começar a vacinação contra a covid-19 de crianças de 5 a 11 anos a partir da próxima segunda-feira, 17, conforme afirmou o secretário de Saúde, Edson Aparecido, à Rádio Eldorado na quinta-feira. A previsão é que as doses cheguem à capital paulista no fim da tarde desta sexta-feira. 

Confira a lista de comorbidades consideradas para o atendimento prioritário na vacinação infantil em São Paulo, que devem ser comprovadas por exames, receitas, relatórios ou prescrições médicas:

 

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  • Insuficiência cardíaca
  • Cor-pulmonale e hipertensão pulmonar
  • Síndromes coronarianas
  • Valvopatias
  • Miocardiopatias e Pericardiopatias
  • Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
  • Arritmias cardíacas
  • Cardiopatias congênitas
  • Próteses valvares Dispositivos cardíacos implantados
  • Talassemia
  • Síndrome de Down
  • Diabetes mellitus
  • Pneumopatia crônicas graves
  • Hipertensão arterial resistente e de artéria estágio 3
  • Hipertensão estágios 1 e 2 com lesão e órgão alvo
  • Doença cerebrovascular
  • Imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos)
  • Anemia Falciforme
  • Obesidade mórbida
  • Cirrose hepática
  • HIV

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