BRASÍLIA - O governo federal nomeou o farmacêutico Arnaldo Correia de Medeiros para exercer o cargo de secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Medeiros entra no lugar de Wanderson Oliveira, que deixou o cargo no mês passado, por divergências com a cúpula do governo sobre a condução das ações de combate ao novo coronavírus. A nomeação do novo titular da área está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 5.
Wanderson, que é enfermeiro epidemiologista, foi um dos principais formuladores da estratégia do Ministério da Saúde para enfrentar a covid-19. Em 15 de abril, o pedido de demissão dele se tornou público, mas não foi aceito pelo então ministro Luiz Henrique Mandetta, que acabou saindo em seguida do cargo de ministro. Wanderson chegou a se queixar com colegas sobre o discurso do presidente Jair Bolsonaro contrário ao isolamento social mais amplo, e afirmou, na ocasião, que sairia junto com Mandetta.
O novo secretário Arnaldo Correia de Medeiros é graduado em Farmácia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), tem mestrado em Bioquímica e Imunologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorado em Ciências Biológicas na Universidade de São Paulo (USP). Medeiros também foi professor da UFPB e superintendente do Hospital Universitário Lauro Wanderley, vinculado à mesma universidade.
A Secretaria de Vigilância em Saúde é responsável, em âmbito nacional, por todas as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças transmissíveis, como a covid-19, pela vigilância de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, saúde ambiental e do trabalhador e também pela análise de situação de saúde da população brasileira.
BASTIDORES
A indicação de Arnaldo Correia de Medeiros foi feita pelo PL de Valdemar Costa Neto. O partido integra o Centrão, bloco de partidos que desde abril tem negociado apoio ao presidente Jair Bolsonaro e, até então, era chamado por ele de “velha política”. Em troca de cargos, o grupo promete sustentar o presidente no Congresso, barrando até mesmo eventuais processos de impeachment.
As indicações, porém, já começaram a dar problema. Na última quarta-feira, por exemplo, o governo exonerou o presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Borges Cabral, pouco mais de 24 horas após ele ter tomado posse. Como mostrou o Estadão, ele foi alvo de investigação conduzida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre suspeitas de irregularidades em contratações feitas pela Casa da Moeda durante sua gestão à frente da estatal, em 2018. À época, o prejuízo foi estimado em R$ 2,2 bilhões.
Cabral apareceu como sendo um nome apadrinhado pelo PL. Nos bastidores, porém, integrantes do partido argumentam que a indicação não foi da sigla, mas, sim, do PTB de Roberto Jefferson. O PL havia indicado outro nome, o do analista do Banco Central Flávio Cals Dolabella. O governo, no entanto, vetou Dolabella porque o nome dele havia sido citado em delação da Odebrecht.
De qualquer forma, não é de hoje que o PL também quer entrar na Secretaria de Vigilância em Saúde. Arnaldo Correia de Medeiros assumirá a pasta no lugar de Wanderson Oliveira, que estava na equipe do então ministro Luiz Henrique Mandetta e deixou o cargo, no mês passado, por divergências com o governo sobre as ações de enfrentamento ao coronavírus.
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