Passou dos 40 com mais dores, quilos e dúvidas do que pensava? Veja guia para encarar a meia-idade

Período entre 40 e 60 anos traz desafios, mas também é oportunidade de recalcular rotas para uma velhice mais saudável; veja o que especialistas dizem sobre preocupações mais comuns dessa fase

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Por Dana G. Smith (The New York Times)

A meia-idade, geralmente definida como o período da vida entre 40 e 60 anos, é um ponto de inflexão. É o momento em que nossos comportamentos passados começam a nos afetar e começamos a notar o envelhecimento de nosso corpo e mente – às vezes de maneiras frustrantes ou desconcertantes. Mas também é uma oportunidade: nossa velhice não está gravada em pedra e ainda dá tempo de fazer ajustes para melhorar a saúde e o bem-estar no futuro.

“As coisas que você faz ou acontecem na meia-idade podem ter efeitos de longo prazo na vida”, disse Margie Lachman, professora de psicologia da Universidade Brandeis especializada em meia-idade. “Então é um período muito importante para prestar atenção ao seu corpo”.

Decisões tomadas na meia-idade terão grande impacto na velhice. Foto: Tatyana Gladskih/Adobe Stock

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O New York Times perguntou aos leitores quais eram suas dúvidas mais urgentes sobre a meia-idade e recebemos mais de 800 respostas, que vão do mundano ao existencial. Embora a experiência de envelhecimento varie de pessoa a pessoa, sete questões surgiram repetidas vezes.

Aqui está o que os especialistas têm a dizer sobre essas preocupações comuns, como e por que elas surgem, quais podemos adiar ou controlar e por que nem todas as mudanças são ruins.

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De onde vieram essas dores?

Algumas delas podem ser simples dores musculares. As pessoas tendem a ser menos ativas na meia-idade e, se você não tiver o costume de trabalhar um grupo muscular específico, tarefas como varrer o quintal podem deixar seu corpo dolorido, afirma Scott Trappe, professor de bioenergética humana e diretor do Laboratório de Desempenho Humano da Ball State University.

A massa muscular também começa a diminuir naturalmente na meia-idade, o que pode resultar em dores nas articulações. “O que o músculo faz é absorver parte da carga que você carrega, aliviando a dor das articulações”, diz Arun Karlamangla, professor de medicina da UCLA especializado em geriatria.

Além disso, nossas articulações ficam mais rígidas à medida que envelhecemos devido ao acúmulo de desgaste, o que pode resultar em tecido cicatricial. “Os tendões e os músculos perdem um pouco da plasticidade”, diz Trappe. E quando você combina músculos fracos e articulações rígidas com movimento – especialmente movimentos rápidos, de torção ou de alta intensidade – você pode sentir “algo se rasgando ou estalando”, disse ele.

As mulheres têm um risco maior de lesões, pois seus ossos ficam mais fracos quando o estrogênio cai durante a menopausa. “Você não sente a perda de densidade óssea. Não dói”, lembra Stephanie Faubion, diretora do Centro de Saúde da Mulher da Clínica Mayo e diretora médica da Menopause Society. “Você não sente nada, até quebrar alguma coisa”.

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Prática de exercícios físicos é uma das principais recomendações para prevenir ou aliviar as dores que pioram com o tempo. Foto: Albert Tercero/The New York Times

Existe alguma coisa que eu possa fazer?

Todas estas questões – força muscular, densidade óssea e saúde articular – podem ser melhoradas com exercício. O treinamento de força é fundamental para compensar o declínio da massa muscular e da densidade óssea. E o exercício aeróbico traz importantes benefícios cardiovasculares e outras vantagens para a saúde. “A solução mágica é a atividade física”, ressalta Karlamangla. Isso vale não apenas para problemas musculares e articulares, mas para praticamente qualquer outra alteração relacionada à idade.

Karlamangla acrescenta que não há motivo para você não continuar se esforçando nos treinos, como correr em vez de caminhar ou ir aumentando os pesos na academia. “Mesmo só um pouco de atividade física já é bom”, disse ele, mas, para obter maiores benefícios, procure uma intensidade moderada ou vigorosa. Fale com um personal trainer, fisioterapeuta ou médico se tiver lesões específicas ou problemas de saúde que precise levar em consideração.

Por que estou ganhando peso de repente?

Durante décadas, a suposição geral era de que as pessoas sofrem mais com o peso na meia-idade porque o metabolismo desacelera de repente. Mas um artigo de 2021 publicado na revista Science lançou dúvidas sobre essa conclusão. A pesquisa mostrou que a quantidade de calorias que as pessoas queimam, tanto pelo metabolismo em repouso quanto pelas atividades diárias, na verdade é bastante estável dos 20 aos 60 anos. (O metabolismo é mais rápido da infância até a adolescência, de acordo com o estudo, e cai novamente no final da vida).

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“Todo mundo achava que havia um declínio na meia-idade, mas não é o que acontece”, disse Herman Pontzer, professor de antropologia evolutiva na Universidade Duke, que liderou a pesquisa.

Em vez disso, disse Pontzer, é mais provável que aquilo que parece ser um ganho repentino de peso na meia-idade seja o acúmulo de um ou dois quilos por ano nas últimas décadas. Às vezes, as pessoas só percebem quando chegam aos 40 anos com 20 quilos a mais do que na faculdade. Esse ganho gradual de peso, acrescentou ele, geralmente é causado porque as pessoas comem algumas calorias a mais do que seu corpo queima todos os dias.

Nem todos concordam com a conclusão de Pontzer. Susan Roberts, pesquisadora sênior da Escola Geisel de Medicina em Dartmouth, disse que algumas mudanças biológicas começam a ocorrer na meia-idade e podem afetar a composição e o metabolismo do corpo.

Primeiro, o declínio natural da massa muscular pode mudar a maneira como a pessoa se olha no espelho, especialmente se ela ganhou gordura corporal ao longo dos anos. Essa mudança não tem um grande efeito no metabolismo – meio quilo de músculo queima apenas cerca de 4 calorias a mais por dia do que meio quilo de gordura.

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Um fator mais importante para a desaceleração do metabolismo é o cérebro, responsável por cerca de 20% do consumo de energia do corpo. Nosso cérebro começa a encolher gradualmente na idade adulta, e menos volume cerebral pode significar menos calorias queimadas, disse Roberts. “Não creio que o cérebro seja a única peça desse quebra-cabeça, mas acho que é uma peça importante que ainda não foi devidamente reconhecida”.

Por que tudo parece se acumular na barriga?

Homens e mulheres tendem a reclamar do aumento da gordura abdominal, principalmente na meia-idade. Há evidências de que, pelo menos para as mulheres, esta queixa é justificada: por razões que os cientistas ainda não compreendem por completo, à medida que os níveis hormonais mudam com o início da menopausa, a gordura começa a se acumular mais na barriga e menos na cintura ou nas coxas.

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Passamos de peras a maçãs, disse Faubion. “Isso não se traduz em mudança na balança”, acrescentou ela. Mas, no conjunto com os outros fatores, é “uma combinação um pouco desagradável para as mulheres”.

Perimenopausa. Que diabo é isso?

A perimenopausa pode pegar as mulheres de surpresa. A menopausa é definida como a ausência de menstruação durante um ano e ocorre por volta dos 51 anos de idade, em média. Mas as mulheres podem sentir flutuações dramáticas na função ovariana e nos níveis de estrogênio até dez anos antes de pararem de menstruar – em alguns casos, começando já aos trinta e poucos.

Historicamente, essa “montanha-russa” hormonal da perimenopausa foi rejeitada pelos médicos, disse Faubion. “Costumávamos dizer às mulheres – eu mesma costumava dizer às mulheres: ‘Ah, você ainda menstrua regularmente, não pode estar com sintomas de menopausa’”, disse ela. “Mas agora sabemos que você pode ter os mesmos sintomas da menopausa e estar na perimenopausa”.

Ondas de calor e suores noturnos são os sintomas relatados com mais frequência, mas irritabilidade, confusão mental e sentimentos de ansiedade e depressão também são comuns. Muitas mulheres têm o sono perturbado por causa dos suores noturnos, embora Faubion pense que as alterações hormonais talvez contribuam para a insônia de outras formas que ainda não compreendemos.

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A terapia hormonal pode ajudar, e os riscos de efeitos colaterais são menores quando iniciada desde cedo.

Tecnicamente, o tratamento é aprovado para ondas de calor, ressecamento vaginal e prevenção de perda óssea, mas Faubion disse que a terapia hormonal também pode ajudar nos sintomas de humor e sono. Para mulheres que estão na perimenopausa e ainda podem engravidar, os médicos podem prescrever métodos anticoncepcionais hormonais para ajudar a regular os hormônios.

Para onde foi minha libido?

Homens e mulheres podem sentir um declínio no desejo sexual na meia-idade por vários motivos.

Por que pode acontecer com os homens?

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Às vezes, os culpados são os hormônios. As preocupações com a baixa testosterona têm recebido muita atenção recentemente e os níveis de fato caem com a idade. No entanto, “a maioria dos homens vai manter níveis normais ao longo da vida”, afirma Shalender Bhasin, endocrinologista do Brigham and Women’s Hospital em Boston, que pesquisa a terapia com testosterona.

É difícil determinar exatamente quantos homens apresentam deficiência de testosterona. De acordo com a Associação Americana de Urologia, as estimativas variam de 2% a 50% dos homens em qualquer idade, com taxas para homens de meia-idade variando de 4% a 12%.

Para homens com testosterona clinicamente baixa, problema também conhecido como hipogonadismo, a terapia com testosterona pode ajudar a tratar os sintomas, que incluem diminuição da massa muscular, depressão e fadiga, bem como baixa libido.

Mas ainda não está claro se a terapia com testosterona é benéfica e segura para homens que não têm hipogonadismo, em grande parte porque o tratamento não foi testado nesta população em um grande ensaio clínico.

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No entanto, a libido é mais do que testosterona. De acordo com uma estimativa recente, cerca de um quarto dos homens com idades entre 45 e 54 anos tem dificuldade de ereção, e essa porcentagem aumenta com a idade. A disfunção erétil pode deixar os homens constrangidos e menos dispostos a fazer sexo, disse o Dr. Alan Shindel, professor de urologia da Universidade da Califórnia, São Francisco.

A disfunção erétil pode ocorrer por vários motivos – os mais comuns são problemas de saúde como hipertensão, diabetes e colesterol alto – e pode ser tratada com medicamentos ou mudanças no estilo de vida, como exercícios e dieta saudável. “Tudo o que é bom para o seu coração é bom para o seu pênis e também será bom para a sua libido”, disse Shindel.

Por que pode acontecer com as mulheres?

A alteração dos níveis hormonais na meia-idade também pode afetar o desejo sexual das mulheres, embora de forma mais indireta. Os poucos estudos sobre o assunto não mostram uma correlação clara e consistente entre o declínio do estrogênio durante a menopausa e a baixa libido, e o tratamento com terapia hormonal com estrogênio não parece aumentar o desejo sexual, diz Holly Thomas, professora assistente de medicina e ciências clínicas na Universidade de Pittsburgh.

Mas as mulheres que sentem ondas de calor frequentes e perturbações do sono têm maior probabilidade de relatar baixa libido, e o ressecamento vaginal que surge em algumas mulheres durante a menopausa pode deixar o sexo doloroso e, como resultado, indesejável. O tratamento desses sintomas pode melhorar o bem-estar geral da mulher e, por sua vez, seu interesse pelo sexo.

Os fatores psicossociais provavelmente desempenham um papel maior, afirma Thomas. Pesquisas mostraram que a qualidade do relacionamento, o estresse, a fadiga e outros problemas de saúde – entre eles a depressão – têm uma influência significativa no desejo sexual das mulheres na pós-menopausa.

“Quando sua mente está cheia de fatores estressantes, faz sentido que você não tenha muita cabeça para pensar em intimidade”, disse ela.

As questões psicossociais também podem atormentar os homens, diz Shindel, embora muitas vezes eles “tenham dificuldade em aceitar que existe qualquer aspecto psicossocial nas preocupações sexuais”. Mas, acrescenta ele, “sempre quero divulgar isso e normalizar isso para os homens”.

Se você anda com preocupações com seu desejo sexual, converse com seu parceiro e considere consultar um terapeuta sexual. Você também pode pedir ao seu ginecologista ou urologista para verificar se há algum problema de saúde física.

E embora a libido tenda a diminuir à medida que envelhecemos, Shindel diz: “Ela nunca desaparece. Nunca estamos velhos demais para o sexo”.

É só na minha cabeça ou já estou começando a esquecer as coisas?

Sua memória provavelmente não anda tão boa quanto era aos 20 ou 30 anos. Mas isso faz parte do desenvolvimento normal do cérebro.

O volume do cérebro atinge o pico por volta dos 20 anos e depois diminui lentamente durante a idade adulta. Essa perda começa a acelerar aos 50 e 60 anos de idade. As regiões envolvidas na atenção, na memória e no funcionamento executivo são especialmente afetadas, o que, por sua vez, pode alterar alguns aspectos da cognição, como a rapidez com que você pensa.

“O tipo de alteração na memória que vemos na meia-idade normalmente não é indicativo de algum tipo de demência”, disse Lachman. “As pessoas às vezes demoram um pouco mais para se lembrarem de alguma coisa, mas só por causa da desaceleração geral do sistema nervoso central”.

Volume do cérebro atinge o pico por volta dos 20 anos e depois diminui lentamente durante a vida adulta, o que pode trazer alterações na cognição. Foto: Albert Tercero/The New York Times

Embora todo mundo sinta essas alterações cerebrais relacionadas à idade, a rapidez com que elas ocorrem e o quanto a cognição diminui varia de pessoa para pessoa. Nossa saúde e nossos hábitos – especialmente exercícios, nutrição, sono, conexões sociais e desafios mentais – contribuem para o envelhecimento saudável do cérebro.

“Esta é a primeira janela de tempo em que começamos a ver essas diferenças entre as pessoas, e é por isso que é um período tão importante para entender”, diz Gagan Wig, professor associado de ciências comportamentais e do cérebro na Universidade do Texas, em Dallas.

Embora rara, a demência de início precoce de fato acontece e possivelmente tem causas genéticas. O maior sinal de que algo pode estar errado é se sua memória estiver muito pior que a de seus pares ou se estiver piorando rápido, disse Wig. Se você está achando que sua perda de memória talvez não esteja normal ou se você tem histórico familiar de demência de início precoce, consulte seu médico.

Pelo lado positivo, alguns processos cognitivos melhoram com a idade – uma mudança que é “subestimada”, diz Wig. “Mesmo que sua velocidade esteja diminuindo, seu conhecimento verbal, seu conhecimento do mundo e seu acesso à informação semântica na verdade aumentam”.

O conhecimento do mundo vem das informações e experiências que a pessoa acumula ao longo da vida, acrescenta ele. Alguns cientistas se referem a isso como “inteligência cristalizada”, outros chamam de sabedoria.

Preciso começar a prestar atenção a quais problemas de saúde?

Não é coincidência que os exames para muitas doenças crônicas relacionadas à idade comecem agora: a meia-idade é quando os comportamentos, as exposições tóxicas e o desgaste geral do corpo começam a nos afetar (por exemplo, décadas de pequenas exposições frequentes a algum agente cancerígeno, como a radiação UV do sol, podem causar mutações genéticas que levam ao câncer).

Nas mulheres, a menopausa também aumenta o risco de vários problemas relacionados à idade, principalmente doenças cardiovasculares. Os cientistas acham que isso ocorre porque o estrogênio e outras substâncias químicas produzidas pelos ovários na pré-menopausa protegem muitos órgãos do corpo.

“Embora as mulheres tenham uma vantagem biológica sobre os homens antes da menopausa, parte dessa lacuna entre homens e mulheres em termos de risco cardiovascular e riscos metabólicos diminui após a transição da menopausa”, disse Karlamangla.

Alguns exames de saúde comuns, como mamografias e colonoscopias, podem detectar uma doença na fase mais precoce possível, o que costuma aumentar as chances de sucesso do tratamento. Outros, como exames de colesterol e testes de açúcar no sangue, servem para acompanhar como um aspecto da saúde muda ao longo do tempo, para que os médicos saibam se e quando precisam intervir.

Você deve verificar a pressão arterial e o colesterol regularmente, mesmo antes de entrar na meia-idade. Faça o teste de pré-diabetes aos 35 anos se estiver com sobrepeso ou obesidade – e, em todo caso, aos 45. As mamografias são recomendadas a partir dos 40 anos pelas entidades médicas, e você deve fazer sua primeira colonoscopia aos 45.

Os exames de densidade óssea não são oficialmente recomendados para mulheres antes dos 65 anos, mas, se você tem histórico familiar de osteoporose, deve conversar com seu médico. O tratamento do câncer de próstata se tornou mais matizado nos últimos anos e, como resultado, o mesmo aconteceu com as recomendações sobre seus exames, então peça orientação ao seu médico. E se você é fumante ou ex-fumante, faça o exame de câncer de pulmão a partir dos 50 anos.

Por que a vida parece tão difícil?

A geração sanduíche é um fato: talvez você esteja cuidando de filhos em crescimento e de pais idosos ao mesmo tempo, sem mencionar o malabarismo com a carreira pela qual vem trabalhando há décadas. “As pessoas na meia-idade ficam realmente esgotadas porque têm muito o que fazer”, diz Lachman.

Esta é a má notícia. A boa notícia é que você tem mais recursos para lidar com todas essas responsabilidades do que quando era mais jovem, pontua David Almeida, professor de desenvolvimento humano e estudos da família na Universidade Estadual da Pensilvânia.

É na meia-idade que muitos têm o desafio de ter que cuidar dos filhos e dos pais idosos ao mesmo tempo. Foto: Albert Tercero/The New York Times

Durante mais de duas décadas, Almeida pesquisou os níveis de estresse diário de adultos de todas as idades. Em contraste com a infame curva de felicidade em forma de U, que sugere que as pessoas se sentem mais infelizes na meia-idade, Almeida descobriu que, pelo menos quando se trata de lidar com o estresse, as coisas tendem a melhorar com o tempo. Isso pode acontecer porque “é uma época da vida em que temos mais probabilidade de estar no comando”, disse ele.

“Não é o período de crise que as pessoas pensam que é”, acrescentou Almeida. “Em termos de vida diária, é muito bom, na média”.

As pesquisas sobre o bem-estar emocional confirmam isso. A meia-idade não é a época mais feliz da vida (é a velhice), nem a mais difícil (é o início da vida adulta), mas é relativamente estável.

Dito isto, um dos estudos mais recentes de Almeida indicou que as coisas podem estar mudando. Ele descobriu que a meia-idade está mais estressante agora do que nas décadas anteriores, possivelmente devido a pressões financeiras adicionais.

E aquela curva em forma de U? Susan Charles, professora de ciências psicológicas na Universidade da Califórnia, Irvine, acredita que a satisfação com a vida atinge o ponto mais baixo na meia-idade porque é o momento em que as pessoas começam a refletir sobre ela.

“Na juventude, achamos que vamos crescer e ser presidente, temos muitos sonhos e esperanças”, diz Charles. “Então a meia-idade é a época em que você concilia o que tem com o que esperava e sonhava”.

Mas, acrescenta ela, quando as pessoas ficam mais velhas, a maioria já se conformou com tudo. As pessoas se sentem gratas pelo que têm e pensam: ‘Sim, estou muito feliz com isso’”./TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Este artigo foi originalmente publicado no The New York Times.

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