Herpes-zóster: Entenda doença que afeta Damares Alves

Senadora foi internada com paralisia facial, complicação causada pelo vírus varicela-zóster

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Por Beatriz Bulhões
Atualização:

A senadora Damares Alves (Republicanos) foi internada no hospital DF Star, em Brasília, na quinta-feira, 7, com paralisia facial, uma complicação devido ao herpes-zóster, quadro provocado por uma reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo da catapora. Segundo a unidade de saúde, ela deu entrada no local com “dor aguda neuropática”. Segundo boletim médico divulgado ainda na noite de quinta, Damares está clinicamente estável. A expectativa é de que ela receba alta nesta sexta.

Em março, a senadora já tinha apresentado o mesmo problema. Na ocasião, segundo ela, o vírus infectou a parte interna do ouvido, gerando a paralisia facial. Segundo o otorrinolaringologista Paulo Dorea, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF), há pessoas afetadas pela doença que ficam com sequelas no rosto para sempre. “A gente tem que ficar preocupado no restabelecimento dessa função motora porque, em alguns poucos casos, pode ser que a face não volte ao normal, sendo necessária cirurgia”, diz.

Os especialistas classificam a paralisia em números de 1 a 6 – quanto mais próximo de 6, maior o risco de a sequela não desaparecer. Outro ponto sensível é o olho: paralisias muito agudas podem travar a pálpebra, fazendo com que o olho não feche. Nesses casos, nos quais o paciente precisa aprender a dormir de olho aberto, é necessário acompanhamento contínuo para garantir que a retina não fique seca ou lesionada.

Qual a doença de Damares?

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Para o médico infectologista Adriano Silva, o caso da senadora tem indícios de síndrome de Ramsy Hunt. Diferente do herpes-zóster comum, que costuma afetar os nervos sensitivos, nessa especificidade da doença é atingido um nervo facial motor, que, atacado, causa a paralisia facial.

“O sintoma do herpes-zóster, via de regra, é sensitivo: dor, dormência e calor bem localizados na região atingida. Só que o nervo facial é um nervo motor, responsável por movimento, e não por sensação. Então, quando atinge o nervo facial, você tem paralisia”, afirma o especialista.

“Fiquei internada alguns dias. Faço tratamento para amenizar a situação”, explicou Damares Foto: Dida Sampaio/Estadão

O vírus varicela-zóster é o mesmo da catapora e, por isso, quando é reativado, manifesta-se no corpo com pequenas bolhas que coçam e ardem. O local mais comum para o aparecimento das lesões é no tronco, mas elas também podem surgir nos braços e pernas ou, mais dificilmente, nos ouvidos. As dores costumam ser locais, porém muito intensas.

O tratamento, seja qual for a parte do corpo atingida, costuma combinar antivirais que impeçam a proliferação do vírus e corticoides, para ajudar no restabelecimento da função do nervo.

“Se um dos sintomas for a paralisia da face, é indispensável uma pomada para o olho. Quando o paciente for dormir, precisa usar, porque como o olho acaba ficando aberto, ele pode raspar o olho no travesseiro e causar uma lesão”, explica o otorrino.

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As bolhas, assim como na catapora, costumam sumir em um prazo médio de duas semanas. Há casos raros de sequelas definitivas, que podem ser corrigidos com cirurgia. “É preciso fazer esse acompanhamento diário (da paralisia) com testes eletroneurofisiológicos para saber o prognóstico da volta da função do nervo”, afirma.

Outros sintomas

Além da dor tradicional do herpes-zóster, a infecção no ouvido pode causar um quadro similar ao da labirintite, com tonturas e vertigens. “Essa doença costuma tirar a capacidade produtiva do indivíduo, porque ele fica tonto o tempo inteiro, sem conseguir dirigir, trabalhar, entre outras coisas”, diz o infectologista.

O diagnóstico é feito após um exame sorológico, embora os médicos concordem que as bolhas características da doença facilitem uma avaliação clínica.

Como se proteger do herpes-zóster

Já existem no Brasil duas vacinas contra o herpes-zóster: a Shingrix (recombinante) ou a Zostavax. “Essa vacina é altamente eficaz, absolutamente indicada para qualquer pessoa acima de 60 anos de idade e relativamente indicada para pessoas de outras idades”, diz o infectologista.

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A imunização, entretanto, não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A depender da marca e do laboratório escolhido para compra, cada dose da vacina (recomenda-se duas) pode custar R$ 800.

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