Hospitais infantis de SP lotam por alta de problemas respiratórios; saiba como reduzir riscos

UTIs pediátricas da rede pública na capital estão 87% ocupadas. Causador da maioria das infecções é o vírus sincicial respiratório

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Os hospitais de São Paulo enfrentam nas últimas semanas expressivo aumento de atendimentos a bebês e crianças com sintomas de doenças respiratórias. O causador da maioria das infecções é um velho conhecido dos médicos: o vírus sincicial respiratório (VSR).

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“Principalmente as crianças de até 2 anos estão muito sujeitas a doenças graves, como a bronquiolite”, alerta o médico intensivista Anderson Oliveira.

Por causa do aumento das doenças respiratórias em crianças (de 0 a 12 anos), a lotação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas na rede pública de saúde de São Paulo está se esgotando. Na última terça-feira, 87% dos 124 leitos disponíveis na rede municipal da capital estavam ocupados, e 70% desse porcentual eram de crianças vítimas de doenças respiratórias, segundo a secretaria municipal de Saúde.

Na rede estadual paulista, que conta com 888 leitos de UTIs e Unidades de Terapia Semi-Intensiva pediátrica, a taxa média de ocupação pediátrica na quarta-feira, era de 72,07% para hospitais de administração direta e de 75,64% para hospitais geridos por Organizações Sociais de Saúde (OSS), segundo a secretaria estadual de Saúde.

Ainda conforme a pasta, apenas em janeiro e fevereiro de 2023, cerca de 14 mil crianças foram internadas com diagnóstico de doenças respiratórias.

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As referências estaduais para atendimento pediátrico são os hospitais Darcy Vargas, no Morumbi, e Cândido Fontoura, no Belenzinho. No Cândido Fontoura, na última quarta-feira, a ocupação tanto na UTI pediátrica quanto na UTI neonatal era de 85%, segundo a secretaria estadual de Saúde.

Em leitos de enfermaria pediátrica, a taxa de ocupação era de 92%. No Hospital Darcy Vargas, a ocupação na UTI pediátrica era de 83,8% e na UTI neonatal, de 53,9%. Os leitos de enfermaria pediátrica tinham a taxa de ocupação mais alta: 99,8%.

Metade dos casos é de VSR; covid responde por 1/3 dos testes

O Boletim InfoGripe, pesquisa semanal divulgada pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), constatou que, no período de quatro semanas encerrado em 22 de abril, praticamente a metade (48,6%) dos casos de síndromes respiratórias agudas graves com resultado laboratorial positivo foi causada pelo VSR, enquanto o coronavírus causou 29,5% das doenças. É uma diferença de quase 20 pontos porcentuais.

Segundo o médico Anderson Oliveira, que também é cirurgião geral e gestor em saúde, o crescimento de doenças respiratórias é comum desde o fim de março até julho, mas neste ano está ocorrendo uma incidência maior.

“Em São Paulo, a taxa de internação chegou a aumentar em 40%, e algumas UTIs pediátricas chegaram a estar com até 90% de ocupação. Isso não é comum”, alerta.

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“O VSR é o maior causador de bronquilite e outras doenças respiratórias agudas graves, e pode aumentar a taxa de mortalidade, principalmente de crianças menores de dois anos. Crianças que nasceram prematuras, com doenças como asma ou com más formações, também têm prognóstico ruim”, diz.

O médico ressalta que esse vírus é muito mais grave para crianças do que para adultos, por conta do menor nível de imunidade alcançado.

Não existe vacina contra o VSR, mas especialistas afirmam que imunizar as crianças contra gripe e covid-19 também ajuda a evitar doenças causadas pelo VSR.

“Embora para o VSR ainda não tenhamos vacina disponível, levar as crianças para tomar as vacinas contra a gripe e contra a covid-19 reduz a chance das crianças terem problemas respiratórios por esses outros vírus, que também são perigosos. Isso diminui a própria exposição das nossas crianças ao VSR nos hospitais e postos de saúde”, diz o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

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