Alguns dos principais hospitais privados da cidade de São Paulo registraram na última semana um aumento exponencial no número de internados por covid-19, segundo levantamento feito pelo Estadão. Em alguns casos, o total de pacientes hospitalizados dobra a cada duas semanas, com aumento porcentual de mais de 100% no período.
No Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, o número de pacientes internados com a doença passou de 18 no dia 31 de outubro para 51 nesta sexta-feira, 11, alta equivalente a 183%. Desse total, oito estavam hospitalizados no Departamento de Pacientes Graves, que reúne leitos de terapia intensiva e semi-intensiva.
No Hospital Sírio-Libanês, o número de internados também mais do que dobrou em apenas uma semana. De acordo com a unidade, eram de sete a dez internados, em média, até a semana passada. Nesta semana, o volume de internações começou a aumentar de forma expressiva, chegando a 26 doentes hospitalizados nesta sexta-feira.
Na rede de hospitais São Camilo, 22 pacientes estavam hospitalizados com a condição nesta sexta. No mesmo período do mês passado, apenas três infectados com covid ocupavam leitos no hospital.
No Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o número de internações passou de quatro para 14 entre a primeira semana de outubro e o mesmo período do mês de novembro. A instituição informou ainda que a taxa de positividade dos testes de covid-19 realizados passou de 1% para 50% no mesmo período. O número de atendimentos aumentou 57%, passando de 54 para 85 no intervalo.
A Rede D’Or São Luiz informou que, considerando os registros de 65 hospitais que administra pelo Brasil, o número de internações passou de 132 em 20 de outubro para 250 nesta sexta.
A internação de crianças por coronavírus também teve aumento. No Hospital Infantil Sabará, o número de internados por semana passou de 11 na semana entre 23 e 29 de outubro para 21 na atual semana. Destes, 13 estavam na UTI.
Já o Hospital Samaritano Higienópolis, da rede Americas, informou que, nas últimas semanas, “aumentou significativamente a procura de pronto-socorro por sintomas respiratórios, como tosse, coriza e dor de garganta”. Com isso, também houve elevação das internações, mas sem necessidade de leitos de UTI na maior parte dos casos.
Leitos SUS
Nesta quinta-feira, 10, a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo informou que o número de internações em UTIs da Grande São Paulo cresceu 65% em duas semanas. Em 25 de outubro, eram 215 pessoas nessa condição. Na última terça-feira, 8, o número passou para 335.
Apesar do aumento rápido de internações, os números ainda estão inferiores aos registrados nas ondas anteriores da pandemia. “Temos um porcentual muito baixo de ocupação de leitos frente ao que a gente tinha. No pico da segunda onda, tivemos 13.520 leitos ocupados. Em janeiro deste ano (durante o pico causado pela variante Ômicron), tivemos 4.560″, disse ao Estadão o infectologista e secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.
Mesmo assim, o cenário de alta de casos e internações fez a Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do governo de São Paulo emitir um alerta sobre o aumento expressivo na transmissão da doença no Estado. No alerta, o Conselho Gestor da secretaria, antigo comitê científico do governo de São Paulo para tratar da pandemia, ressalta que já foram confirmados casos e óbito pela subvariante da Ômicron BQ.1, associada ao aumento de casos em outros países.
No documento, a secretaria apresentou uma série de recomendações para reduzir o risco de contaminação. Entre as medidas recomendadas estão a aplicação das doses de reforço nos adultos maiores de 18 anos que ainda não as tomaram e o uso de máscaras em locais de maior risco, como transporte público, serviços de saúde e farmácias.
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