O Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), localizado em São Paulo, inaugurou na quinta-feira, 13, uma área em seu pronto-socorro destinada exclusivamente ao atendimento de pacientes com dengue.
A estimativa é de que o espaço, que conta com sala climatizada e cadeiras para soroterapia, receba e atenda até 30 pacientes a cada duas horas, de acordo com o HSPE.

O foco da unidade é atender pacientes com as formas consideradas mais leves da doença, mas o local também possibilitará agilizar vagas de internação nos casos mais graves.
Em nota, o hospital demonstrou preocupação com a possibilidade de enfrentar mais casos graves da doença neste ano. Essa preocupação é compartilhada por outros profissionais e autoridades em saúde, inclusive o próprio secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, devido ao retorno do sorotipo 3 do vírus ao Brasil.
A dengue é causada por quatro sorotipos de vírus diferentes. Ao ser infectada, a pessoa fica imunizada permanentemente para o sorotipo que causou a infecção, mas não para os outros — por isso é possível contrair a doença até quatro vezes.
Além disso, em uma reinfecção com sorotipo diferente, o sistema imunológico fica confuso. Ele interpreta erroneamente o novo sorotipo como sendo o mesmo da infecção anterior, desencadeando uma resposta imune exacerbada.
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Ocorre que, no ano passado, quando São Paulo atingiu o recorde de infecções, os sorotipos de maior circulação foram o 1 e o 2. O sorotipo 3 retornou ao País após décadas, o que significa que há uma grande parcela da população sem defesas e, assim, suscetível à infecção. Ou seja, há uma grande preocupação com o possível aumento de casos de reinfecção.
Nessa circunstância, o organismo produz anticorpos “desatualizados” – eficazes apenas contra o primeiro sorotipo – que não conseguem neutralizar o novo vírus e, paradoxalmente, facilitam a replicação e a entrada do invasor nas células. Como resultado, há um maior risco de formas graves da doença.
Diante do avanço da dengue, o Estado de São Paulo decretou estado de emergência no fim de fevereiro. De acordo com o painel de dados do governo estadual, foram confirmados mais de 243 mil casos neste ano e 226 pessoas morreram em decorrência da doença.