Idosos com câncer podem (e devem) fazer exercício, aponta estudo brasileiro; entenda benefícios

Pesquisa apresentada no maior congresso de oncologia do mundo mostrou que rotina personalizada de atividade física pode aumentar substancialmente a qualidade de vida dos pacientes mais velhos

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Por Bárbara Giovani

A prática de exercícios físicos pode beneficiar até mesmo idosos com câncer em estágio avançado, segundo novo estudo brasileiro apresentado no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO 2024), o maior congresso de oncologia do mundo, que aconteceu em Chicago, nos Estados Unidos, entre os dias 31 de maio e 4 de junho.

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A pesquisa foi liderada pelo oncologista da Oncoclínicas&Co, Paulo Bergerot, que também é representante da América Latina na recém-formada Sociedade Internacional de Oncologia do Exercício. Os resultados evidenciaram que pacientes com mais de 65 anos e sob tratamento oncológico tiveram melhora na qualidade de vida e alívio de alguns efeitos colaterais dos medicamentos de imuno e quimioterapia após 12 semanas cumprindo uma rotina de atividade física moderada.

“A grande mensagem desse estudo é que o paciente em tratamento oncológico deve ficar ativo. Não existe mais essa história de manter o paciente resguardado, economizando energia por causa do tratamento. É exatamente o contrário”, afirma Bergerot.

Em estudo, idosos com câncer incluíram um programa personalizado de exercícios na rotina, que levava em conta, por exemplo, acessórios que tinham em casa. A atividade física trouxe impactos positivos para os voluntários Foto: pressmaster/Adobe Stock

Rotina de exercícios personalizada

Todos os 41 participantes do estudo tinham mais de 65 anos e tratavam cânceres de estágios 3 ou 4, considerados avançados ou metastáticos. Além disso, eram pacientes que estavam começando uma linha de tratamento sistêmico, ou seja, com medicamentos – quimioterapia ou imunoterapia, de um modo geral.

“Para qualquer pessoa a gente sabe que é difícil a adesão e a continuidade [na atividade física]. Para o paciente com câncer é mais desafiador ainda, e se for idoso é uma missão quase impossível”, comenta Bergerot. A fim de driblar essa barreira, os pesquisadores apostaram em uma estratégia personalizada, em que cada participante tinha sua própria rotina de exercícios.

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As atividades foram estipuladas por um educador físico, que considerou o quadro clínico de cada paciente e sua realidade no cotidiano, como o uso de acessórios que eles dispunham em suas próprias casas.

Atualmente, a recomendação dos protocolos internacionais de atividade física para o paciente com câncer é de 150 minutos por semana, no mínimo, com exercícios de moderada intensidade. “O que é moderado para uma pessoa de 20 anos é completamente diferente para um paciente idoso”, explica o líder do estudo.

Em geral, as rotinas de atividades combinavam práticas aeróbicas, como caminhadas que podiam acontecer até mesmo dentro de casa, e exercícios de força e resistência muscular. Após o final de cada sessão, o participante respondia um questionário sobre possíveis desconfortos. No total, eles somaram de três a cinco horas semanais de atividade física, além do acompanhamento com o educador físico, uma psicóloga e o oncologista.

Qualidade de vida e melhora dos sintomas

Ao final do período de 12 semanas, os participantes apresentaram uma melhora na qualidade de vida de cerca de 10 pontos na escala FACT-G. O método considera a percepção de bem-estar físico, social e familiar, emocional e funcional em uma régua que vai de 0 a 108 pontos.

Além disso, a prática física também se mostrou capaz de atenuar alguns dos sintomas do câncer e dos efeitos colaterais comuns no tratamento da doença. Segundo o estudo, os benefícios foram observados especialmente em relação à fadiga, à falta de apetite, à depressão e à ansiedade.

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Para Gisah Guilgen, oncologista clínica e membro do Comitê de Lideranças Femininas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o estudo mostra resultados interessantes porque foca na população idosa, que muitas vezes não é contemplada nos estudos habituais. “Ele reforça essa orientação que nós, oncologistas, temos que fazer para todos os nossos pacientes, independente da idade, do tipo de câncer e da gravidade”, comenta.

Segundo Bergerot, a ideia é ampliar o número de participantes em pesquisas futuras, além de aprofundar a avaliação dos exercícios físicos na eficácia dos tratamentos para câncer.

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