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Idosos sentem mais frio? Como reduzir riscos dos mais velhos no inverno? Tire dúvidas sobre o tema

Entenda o que acontece no corpo quando a temperatura cai e quais sintomas podem indicar a possibilidade de um choque térmico

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Por Úrsula Neves

Quando as temperaturas caem, é muito comum que os idosos sintam mais frio que os mais jovens. Mas o que realmente acontece no corpo das pessoas com mais idade no inverno? E o que fazer para aquecê-las de maneira segura e confortável? Conversamos com especialistas sobre tudo o que você precisa saber para proteger os idosos do frio e como evitar os perigosos choques térmicos. Confira!

Qual é o melhor clima para o idoso?

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Segundo a médica geriatra Alessandra Tieppo, diretora administrativa da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), os meses mais quentes costumam ser melhores e incomodam menos os idosos. A explicação é que o clima frio está associado a uma piora de doenças crônicas, que leva ao desconforto das dores articulares e musculares, além de outros problemas de saúde.

Já a pneumologista Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano, que atua no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), lembra que os idosos ficam mais suscetíveis a doenças durante o inverno devido à dificuldade de regulação da temperatura corporal, o que os leva a apresentarem quadros de hipotermia (quando a temperatura do corpo fica abaixo dos 35ºC).

“O sistema imunológico enfraquecido e os ambientes com alta concentração de pessoas podem levar o idoso a apresentar mais infecções virais e bacterianas nesse período. Portanto, é importante manter a vacinação em dia e não descuidar do tratamento das doenças crônicas, como diabetes, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, asma e rinite, além de outras enfermidades pulmonares que podem ser agravadas com as mudanças de temperatura”, pontua.

O que é pior para um idoso: frio ou calor?

Tanto o frio como o calor podem ser prejudiciais para os idosos, mas cada clima pode causar diferentes problemas de saúde. A geriatra esclarece que o inverno pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e respiratórias, e ainda causar desconfortos, como dores musculares e nas articulações. Já o verão pode levar a um quadro de desidratação, agravar demências e enfermidades neurodegenerativas.

A hipotermia, embora seja mais comum durante o clima frio ou à imersão em água fria, pode ocorrer também em climas quentes, quando as pessoas ficam imóveis em uma superfície fria.

“No calor, as pessoas com mais idade apresentam menos água no organismo, transpiram menos e sentem menos sede (do que pessoas mais jovens), o que diminui a capacidade do corpo de regular a temperatura. Já no frio, a capacidade de homeostasia - que mantém o equilíbrio corporal - está diminuída pelo envelhecimento, o que impacta a troca de calor e contribui para o aumento da sensação de frio”, esclarece Alessandra Tieppo.

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Tanto o frio quanto o calor exigem cuidados extras por parte dos idosos Foto: djoronimo/Adobe Stock

Qual é a temperatura normal dos indivíduos mais velhos?

Enquanto a temperatura de um jovem pode chegar a 37ºC, no idoso ela tende a ficar em torno de 36ºC.

O que acontece no corpo do idoso quando está muito frio?

O corpo humano reage de uma maneira muito singular quando está com frio: primeiro os pelos se arrepiam, o corpo treme e as extremidades (pés, mãos, lóbulos das orelhas e ponta do nariz) ficam geladas. Quando o frio é mais extremo, essas reações ficam ainda mais graves, causando espasmos musculares, dificuldades motoras e mudança de cor nas extremidades, que ficam cinzentas ou arroxeadas. As atividades químicas no cérebro também ficam prejudicadas e, normalmente, o indivíduo começa a apresentar confusão mental.

A mestre em fisiologia do exercício Bianca Vilela esclarece que os idosos sentem mais frio por uma variedade de fatores, como a já citada redução da capacidade de homeostasia e a tendência da diminuição da imunidade, uma vez que a temperatura mais baixa pode reduzir a atividade de algumas células imunológicas, tornando-as mais suscetíveis a infecções.

“Outro ponto importante é que os indivíduos com mais idade costumam apresentar pouca massa muscular, além da reserva de gordura corporal (que atua como isolante térmico), o que também intensifica os efeitos do frio no organismo”, afirma.

Como aquecer um idoso de forma segura?

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De acordo com as especialistas, o ideal é que o idoso se aqueça com roupas adequadas, que não sejam muito pesadas, mas que mantenham a temperatura corporal elevada. A mesma recomendação deve ser seguida durante a noite, quando o corpo tende a perder calor. Assim, é necessário usar pijamas quentinhos, meias e não esquecer dos cobertores. Antes de dormir, são recomendados alimentos e bebidas quentes, como caldos e chás.

Outra recomendação é manter a temperatura do ambiente em cerca de 25ºC, usando aquecedor se necessário, vedar frestas de janelas e portas para evitar correntes de vento, porém lembrando que o ar deve ser umidificado.

Banhos mornos ou quentes são bem-vindos, mas devem ser de curta duração, evitando a troca de temperatura com o ambiente. Uma boa hidratação na pele após o banho estimula a circulação.

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Durante o dia, sempre que possível, o idoso deve manter uma rotina com banhos de sol, por cerca de 10 a 20 minutos. Isso sem esquecer da prática regular de atividades físicas, que ajuda a manter a musculatura e a circulação satisfatórias.

Quando a temperatura cai bruscamente, de um dia para o outro, o idoso sofre mais?

As mudanças bruscas realmente não são boas para os idosos, justamente pela alteração do sistema de regulação da temperatura corporal. “Quando acontece uma variação de frio para o calor de forma rápida, eles podem continuar muito agasalhados enquanto as temperaturas estão subindo, o que leva a um quadro de desidratação. A mesma coisa pode ocorrer quando esfria abruptamente: os idosos podem demorar a perceber que a temperatura caiu e ficarem por mais tempo expostos ao clima, aumentando o risco de infecções”, ressalta a pneumologista Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano.

Alessandra Tieppo alerta ainda que o choque pode sobrecarregar o sistema cardiovascular e afetar o equilíbrio térmico, uma vez que o sistema nervoso (que regula a temperatura do corpo) não tem tempo de se ajustar. Como o centro de regulação da temperatura trabalha mais vagarosamente com o passar dos anos, o idoso fica mais suscetível a ter choques térmicos.

“É importante lembrar que o choque térmico altera o metabolismo das pessoas, causando dor de cabeça, sangramento nasal, garganta seca e irritada, ressecamento da pele, cansaço, tontura, tremores, hipotensão (pressão baixa) ou hipertensão arterial (pressão alta) e paralisia facial, podendo levar até a morte”, frisa a geriatra.

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