Incidência de coqueluche em São Paulo já é quatro vezes maior que em 2023; conheça a doença

Doença atinge sobretudo crianças, que são maioria dos casos e dos registros de mortalidade; vacinação é principal meio de prevenção

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Foto do author Victória  Ribeiro
Atualização:

O Estado de São Paulo registrou 37 casos de coqueluche apenas nos cinco primeiros meses do ano. O número é praticamente o mesmo do registrado no ano passado inteiro, quando 38 casos da doença foram notificados no Estado. Só na capital paulista, foram confirmados 32 casos, o que representa um aumento de quatro vezes em relação a todo o ano de 2023, de acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Conhecida popularmente como ‘tosse comprida’, a coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis, que afeta principalmente as vias respiratórias. A transmissão ocorre através do contato com secreções contaminadas, principalmente por tosse, fala ou espirro. Crianças são as principais vítimas e representam a maioria dos casos e óbitos.

Crianças são maioria entre registros de casos e mortalidade pela coqueluche Foto: Louis-Photo/Adobe Stock

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A coqueluche tende a se espalhar mais em climas amenos ou frios, como na primavera e no inverno, quando as pessoas ficam mais tempo em ambientes fechados. A transmissão é alta, podendo gerar até 17 casos secundários por infecção, semelhante ao sarampo e à varicela, e muito superior à covid-19, que gera cerca de três casos secundários por infecção.

Em abril deste ano, o Estadão mostrou que, até aquele momento, a cidade de São Paulo registrava 14 casos da doença. Ou seja, é possível dizer que a quantidade mais do que dobrou em apenas um mês. Em todo ano de 2023, foram registrados oito casos e, em 2022, apenas um. Neste ano, nenhuma morte aconteceu. O último óbito registrado na cidade foi em 2019.

Segundo a pediatra Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), é possível que esse aumento no número de casos seja resultado de variações normais em relação a períodos de circulação da doença.

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De qualquer forma, a especialista ressalta que essa situação deve acender um alerta a respeito da necessidade de vigilância em relação à doença, tanto para serviços de saúde como para pacientes. “Devemos ficar de olho nos sintomas e procurar um posto de saúde o quanto antes. Além disso, é preciso que o monitoramento em relação à coqueluche seja feito de forma mais rígida a partir de agora”, destaca.

Quais os sintomas da coqueluche?

O principal sintoma da coqueluche é a tosse seca, que, nos casos mais graves, pode durar semanas ou até meses. Justamente por isso a doença é conhecida por ‘tosse comprida’.

De forma geral, o Ministério da Saúde categoriza os sintomas da doença em três níveis de acordo com a gravidade do quadro. No primeiro nível, os sintomas são mais leves e costumam ser semelhantes aos de um resfriado, como mal-estar, nariz escorrendo, tosse seca e febre baixa. Nos níveis mais complicados, a doença é caracterizada principalmente pela piora da tosse, que pode se tornar tão intensa a ponto de comprometer a respiração, provocar vômitos ou cansaço extremo.

A coqueluche é uma doença grave?

A coqueluche pode causar pneumonia, convulsões, comprometimento do sistema nervoso e até a morte. A maioria dos casos graves acomete crianças menores de um 1 ano de idade, principalmente as com até 6 meses de vida, de acordo com a SBIm.

De acordo com Mônica, os idosos e pacientes com doenças crônicas que afetam o pulmão também têm risco elevado de apresentar complicações em decorrência da doença

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Os adultos podem ter coqueluche, mas normalmente são assintomáticos ou apresentam sintomas leves. Isso não quer dizer, porém, que eles não devam ser vacinados, destaca a presidente da SBIm. “São os adultos que mais passam a doença para os bebês e, por isso, todos devem estar com o esquema vacinal em dia”, orienta.

Qual o tratamento?

Como se trata de uma doença causada por uma bactéria, o tratamento consiste essencialmente no uso de antibióticos, de acordo com o Ministério da Saúde.

É possível prevenir a coqueluche?

A vacinação é a principal estratégia de prevenção contra a coqueluche.

Os bebês, principal grupo de risco da doença, devem tomar a vacina pentavalente, que protege contra o tétano, a difteria, a hepatite B, a coqueluche e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B. Esse imunizante é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O esquema vacinal é composto por três doses que devem ser tomadas aos dois, quatro e seis meses, além de duas outras doses de reforço, que devem ser aplicadas aos 15 meses e aos 4 anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Apesar de ser recomendada a essas faixas etárias, ela está disponível no SUS para todas as crianças menores de sete anos.

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Os adultos, em especial os que têm contato com crianças menores de um ano, também devem se vacinar contra a doença. Nesses casos, a indicação é a vacina tríplice acelular (dTpa), que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche e está disponível no SUS para profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da saúde que atuam em maternidades e unidades de internação neonatal, além das grávidas, que devem tomar o imunizante a partir das 20° semana de gestação. Trata-se de uma vacina de dose única, que, em geral, necessita de reforço a cada 10 anos.

Os adultos que não se enquadram nessas categorias também podem tomar a vacina contra a doença em clínicas e laboratórios privados. Inclusive, no particular, há ainda outras opções de imunização contra a doença para adultos e crianças, como a hexavalente, que protege contra seis doenças: pólio, difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae e hepatite B. / COM AGÊNCIA BRASIL

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