Internações crescem em cidades de SP que tiveram maior abertura; números caem na ‘zona vermelha'

Não é possível afirmar que aumento de hospitalização é efeito das medidas adotadas, mas números levantam questionamento sobre momento em que elas foram iniciadas; governo pode anunciar nesta quarta mudanças na classificação dos municípios

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As regiões de São Paulo que foram classificadas no início de junho como áreas da cor "amarela" e que, por isso, puderam autorizar uma maior reabertura comercial na semana passada, enfrentam aumento do número de internações de pessoas por covid-19 em porcentuais de até dez vezes maior do que a média do Estado como um todo. Já os municípios que mantiveram até agora a restrição total, e estão na zona “vermelha”, vivem queda nas novas internações pelo coronavírus. Os dados foram organizados pela Fundação Estadual Sistema de Análise de Dados (Seade), do governo paulista, e compilados pelo Estadão.

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Pesquisas apontam que o crescimento ou a queda de casos pode ser observado cerca de duas semanas após a adoção de medidas de flexibilização ou restrição da quarentena. Por isso - e pelo fato de o vírus seguir se espalhando rumo ao interior -, não é possível afirmar que o aumento das internações é efeito das medidas adotadas. No entanto, os número levantam o questionamento sobre o momento em que elas foram iniciadas.

O governo do Estado deve anunciar nesta quarta-feira, 10, em entrevista coletiva, mudanças na classificação de cidades, de acordo com os resultados observados até aqui. Procurado, o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, afirmou que os dados estão em análise e que a avaliação será divulgada na coletiva. “Mas sempre avaliamos que as cidades poderiam voltar (à fase anterior de medidas de isolamento)”, disse. Ele não comentou especificamente os dados da Fundação Seade. 

A reabertura, batizada de Plano São Paulo, teve início no dia 1º de junho. Nos sete dias anteriores ao dia 31, véspera do início do plano, quando todo o Estado seguia as mesmas regras de quarentena, a região de Barretos, por exemplo, registrou 45 internações de pacientes com os sintomas do coronavírus. Na semana posterior, com lojas de rua, shoppings, bares, restaurantes e cabeleireiros reabertos, houve outras 81 internações. É um aumento de 80%.

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Em Presidente Prudente, essa mesma comparação mostra um aumento de 75,6%, passando de 41 para 72 internações por semana. As duas outras regiões que também tiveram a classificação amarela, Bauru e Araraquara, tiveram aumento de 34,5% e 27,1%, respectivamente.

Na média, somando todas as internações ocorridas em todas as cidades paulistas na semana anterior e na posterior ao início do relaxamento da quarentena, houve um aumento de 8% nas internações de pessoas com sintomas de infecção pelo novo coronavírus no Estado na primeira semana de vigência do plano. O total passou de 11,8 mil para 12,8 mil internações.

Paciente é tratado no Hospital Instituto de Infectologia Emílio Ribas, cuja Unidade de Terapia Intensiva opera em sua capacidade máxima para a covid-19 em São Paulo Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Já considerando as sete regiões do Estado que foram classificadas como zona vermelhas, em cinco delas o número de novas internações diminuiu, se o mesmo critério de comparação for usado.

A região de Registro, que inclui toda as cidades do Vale do Ribeira, reduziu de 26 para 20 o número de novas internações. Porcentualmente, é a zona com maior queda no número de novos casos de internação: 23,8%.

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Na Baixada Santista, a queda foi de 601 para 584 novos casos. Nas cidades de Grande São Paulo, apenas a zona que inclui Guarulhos teve aumento. Nos bastidores do Palácio dos Bandeirantes, havia expectativa de que essa região pudesse ser reclassificada nesta quarta-feira para a cor laranja. 

Leitos

Embora os números de internações estejam em alta, das quatro zonas amarelas do Estado, só a região de Araçatuba teve aumento na taxa de leitos por 100 mil habitantes aumentada entre a semana anterior e a semana posterior ao início da abertura.

A região, que tem menos de 1 milhão de habitantes, passou de 6,4 leitos por 100 mil habitantes para 7,5. Em Barretos, esse total até caiu, de 13,1 para 12,9. Mesma situação de Bauru, onde a taxa oscilou de 6,9 para 6,7 leitos para cada 100 mil pessoas. Em Presidente Prudente, região de moradia de 702 mil paulistas, a taxa ficou estável em 6 leitos para cada 100 mil. 

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Pacientes com covid-19 no Hospital Municipal do M'Boi Mirim, no extremo sul de São Paulo Foto: Wether Santana/ Estadão

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Para efeito de comparação: na cidade de São Paulo, que tem 11,8 milhões de pessoas, a taxa era de 26,1 leitos na semana anterior ao início do Plano São Paulo para 28,4 até o início desta semana.

A capital paulista havia sido classificada como zona laranja, mas só nesta quarta-feira, 10, é que permitiu as primeiras ações para reabertura do comércio da cidade, ficando até aqui com as mesmas regras das cidades de zonas vermelhas. Na comparação entre a semana anterior e a posterior ao início do plano, o número de novas internações caiu 1,38%, de 5.736 para 5.657.

Entre os técnicos do governo Doria, o número de novas internações passou a ter desde a semana passada um peso maior para o indicativo da evolução da doença, uma vez que há expectativa de que o número de novos casos aumente nas próximas semanas por causa do aumento do número de testes na população.

O Plano São Paulo classificou as regiões administrativas do Estado com base em cinco critérios: a taxa de ocupação dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a quantidade de leitos de UTI por 100 mil habitantes, a variação do número de casos, a variação do número de internações e a variação do número de mortes. Quanto melhor nesses níveis, mais relaxado é o isolamento.

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Diante do diagnóstico, técnicos estiveram reunidos na noite desta quarta-feira na sede do governo para discutir se mantinham na zona amarela as cidades que tiveram maiores aumentos de casos ou se determinariam a reclassificação delas para a cor laranja. 

Os técnicos do governo já haviam indicado, na semana passada, que ao menos Bauru e Barretos poderiam ter a classificação revisada, em decorrência da piora nos indicativos. Mas cidades da Grande São Paulo e a Baixada Santista poderiam avançar de vermelho para laranja.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, destacou que “o Plano São Paulo é um plano de gestão e convivência com a pandemia”. “Por isso”, segue a secretária, “ele está preparado para ter gatilhos para flexibilização de medidas restritivas, mas também para o endurecimento de medidas restritivas. E assim o faremos conforme necessário, nas regiões que apresentarem tal necessidade.”

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