Internações por bronquiolite têm aumentado no Brasil nos últimos anos, aponta levantamento

O agente por trás desse cenário costuma ser o vírus sincicial respiratório (VSR), cuja circulação fica mais intensa a partir de agora; especialista dá dicas para proteger as crianças, que costumam ser as principais acometidas

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Foto do author Lara Castelo

As internações em decorrência de bronquiolite, doença que afeta ramificações dos brônquios (canais que transportam oxigênio para o pulmão), têm escalado no País. É o que indica novo levantamento da farmacêutica AstraZeneca feito com base em dados do Ministério da Saúde e divulgado nesta quinta-feira, 14.

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A pesquisa comparou os números de internações devido à doença em 2022 e 2023, no Brasil inteiro e referentes a todas as faixas etárias. De forma geral, as altas mais expressivas foram registradas no Nordeste, com destaque para Alagoas e Sergipe, onde houve um aumento de 113% no período. Já na região Norte, a alta mais expressiva registrada foi de 72%, no Amapá.

Os Estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste também registraram alta nas internações devido à bronquiolite no período, mas de forma menos intensa. No Centro-Oeste, o destaque foi Goiás, onde houve uma escalada de 59% de internações. No Sudeste, a maior alta foi registrada no Espírito Santo, onde houve um salto de 25%. O Sul foi a região do País que registrou as altas menos expressivas, sendo que, Santa Catarina foi destaque com 29%. No DF, a alta foi de 35%.

A bronquiolite é uma doença respiratória que, na maioria das vezes, é causada pelo vírus sincicial respiratório. Na maioria das vezes, ela acomete crianças de até 2 anos.  Foto: komokvm/Adobe Stock

O agente por trás desse cenário é o vírus sincicial respiratório (VSR), principal causador de infecções respiratórias agudas em crianças com até 2 anos. O VSR é responsável pela maioria dos casos de bronquiolite (75%) e quase metade das pneumonias (40%) nessa faixa etária, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

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Trata-se de um vírus bastante frequente em crianças pequenas, aponta o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP, em nota. “A cada dez crianças, de quatro a seis são infectadas pelo VSR no primeiro ano de vida e quase 100% até os 2 anos”, destaca.

Outra característica do VSR, de acordo com a pediatra Flávia Jaqueline, do Hospital Sabará Infantil, em São Paulo, é a sazonalidade. A especialista explica que ele circula principalmente no outono e no inverno, em especial nos meses de maio e abril.

Nos últimos anos, contudo, esse ciclo foi atípico, segundo Flávia. “Por ser um vírus transmitido pelas vias respiratórias, durante a pandemia, com o isolamento social, ele circulou menos. Com o final das medidas de isolamento social, a circulação do VSR vem retornando aos padrões pré-pandemia, o que pode ter colaborado com o aumento das taxas de internação nos últimos anos”, raciocina.

Segundo o último boletim InfoGripe divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira, 7, houve aumento dos casos de VSR em todas as regiões do País entre os dias 25 de fevereiro e 2 de março de 2024. De acordo com o documento, esse cenário pode estar relacionado ao período de volta às aulas.

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Vale destacar que, além do VSR, a bronquiolite também pode ser causada por outros vírus, como o influenza e o adenovírus, de acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Quais os sintomas da bronquiolite?

Os sintomas da doença são muito parecidos com os de um resfriado. De acordo com o Ministério da Saúde, os mais comuns são: febre baixa, dor de garganta, cabeça e nariz escorrendo.

A pasta destaca ainda alguns sinais de alerta para a bronquiolite, que indicam a necessidade de buscar um atendimento médico. São eles: febre alta, tosse persistente, dificuldade para respirar, chiado no peito e lábios e unhas arroxeadas.

A pediatra do Sabará cita também a dificuldade na hora de mamar como um indicativo importante de gravidade da doença. “O bebê com bronquiolite fica muito cansado, já que é difícil respirar. Isso muitas vezes acaba se manifestando através da dificuldade na hora de mamar”, explica.

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Como é o tratamento da bronquiolite?

Não há um tratamento específico para o VRS, principal vírus causador da doença, nem contra a bronquiolite.

Por isso, o cuidado é focado na redução dos sintomas a partir da hidratação e do fornecimento de oxigênio, de acordo com Jaqueline. “Nos casos menos graves, são usados cateteres no nariz, por exemplo. Nos mais graves, pode ser necessária a intubação”, explica.

Fatores de risco para gravidade

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De acordo com Jaqueline, crianças prematuras ou que tenham alguma doença no coração ou pulmão têm maior risco de desenvolverem quadros mais complicados de bronquiolite.

Trata-se de uma doença grave que pode levar à morte. Por isso, especialmente nesses casos, é preciso ficar ainda mais de olho”, destaca.

Em contrapartida, de acordo com a SBIm, a maioria das crianças começa a se recuperar da doença em uma semana e se restabelece totalmente.

Como prevenir a bronquiolite?

Como o VSR é um vírus que afeta o trato respiratório, as medidas de prevenção contra a bronquiolite têm como foco impedir o contato direto com o vírus.

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Segundo o Ministério da Saúde, são elas:

  • Evitar contato com pessoas contaminadas;
  • Reforçar cuidados básicos de higiene, como lavagem frequente das mãos e objetos potencialmente contaminados, como brinquedos, com água e sabão.
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