Ivermectina: Ao menos 79,5% dos brasileiros dizem ter tomado remédio sem comprovação contra covid

Medicamento indicado para infecções parasitárias foi tomado ao primeiro sintoma da doença por 27% no mundo; pesquisas já comprovaram que droga não é indicada para enfrentar o novo coronavírus

PUBLICIDADE

Foto do author Roberta Jansen
Atualização:

RIO - Ineficaz no tratamento da covid-19 e contraindicada por autoridades sanitárias, a ivermectina foi usada por 79,5% dos brasileiros que tiveram sintomas da doença. A informação faz parte de um levantamento conduzido pelo Instituto Global de Saúde de Barcelona (ISGlobal), que analisou dados de 23 países, entre eles o Brasil, que representam mais de 60% da população mundial. O trabalho foi publicado na revista científica Nature.

Globalmente, 27% das pessoas disseram ter tomado ivermectina ao primeiro sintoma da doença. As principais agências sanitárias de todo o mundo não recomendam o uso do remédio no tratamento da covid-19. Diversos estudos científicos já comprovaram que o medicamento, indicado em caso de infecções parasitárias, é ineficaz contra a doença.

Medicamentos como a ivermectina e a hidroxicloroquina não têm eficácia comprovada contra a covid-19. Foto: Gerard Julien/AFP

PUBLICIDADE

“Maiores esforços são necessários para desencorajar o uso de ivermectina e outros remédios sem eficácia comprovada e potencial efeitos tóxicos”, escreveu o chefe do Grupo de Pesquisa em Sistemas de Saúde da ISGlobal, Jeffrey V. Lazarus, principal autor do levantamento.

O trabalho revelou ainda que 40% das pessoas entrevistadas disseram que estão prestando menos atenção às novas informações sobre a pandemia. Ao todo, foram ouvidas 23 mil pessoas (mil em cada país), entre 29 de junho e 10 de julho de 2022; todos com mais de 18 anos de idade.

O trabalho foi feito na África do Sul, Alemanha, Brasil, Canadá, Cingapura, China, Coreia do Sul, Equador, Espanha, Estados Unidos, França, Gana, Índia, Itália, Quênia, México, Nigéria, Peru, Polônia, Rússia, Suécia, Turquia e Reino Unido.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.