Segundo especialistas da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, o que pode explicar esses números é que uma parte das mulheres que procuram esse tipo de cirurgia já teria alterações emocionais prévias, como problemas de autoestima, distúrbios de personalidade, sintomas depressivos e questões com a imagem.
Os pesquisadores investigaram mais de 3,5 mil mulheres suecas que passaram por cirurgias de 1965 a 1993. Ao analisar os atestados de óbito das que morreram e compará-los com os da população geral, eles perceberam a maior correlação entre os implantes e as taxas de suicídio e de mortes relacionadas ao uso de álcool e drogas. Os resultados foram publicados no periódico Annals of Plastic Surgery e noticiados pelo jornal inglês Daily Mail.
Os especialistas recomendam que os médicos fiquem mais atentos e monitorem a saúde emocional de suas pacientes, mesmo anos depois do procedimento. De todas as mortes, 22% foram atribuídas a algum tipo de transtorno emocional ou psiquiátrico. Estudos anteriores já apontavam um maior risco de suicídio em mulheres que fazem cirurgias para aumentar as mamas, o que pode revelar uma insatisfação e uma tristeza que antecedem a busca pela cirurgia. Os dados mostram que o risco maior de suicídio começa a ficar evidente dez anos após a plástica.
Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dênis Calazans, falta base científica mais clara. Segundo ele, o benefício que a cirurgia traz para autoestima da mulher é incontestavelmente maior do que eventuais estudos de exceção. No Brasil, diz ele, o cirurgião plástico bem habilitado tem condições plenas de avaliar o estado emocional das pacientes.
A pesquisa reforça novamente que os implantes são seguros e não aumentam o risco de as mulheres morrerem por diversos tipos de câncer. No Brasil, o implante de próteses mamárias é a plástica mais comum.
Álcool nas Américas. Relatório divulgado há duas semanas pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) reforça outro problema importante de saúde que vem sendo observado entre as mulheres na América Latina: o aumento no consumo mais pesado de álcool, proporcionalmente até mais elevado do que entre os homens. Os dados são da agência de notícias EFE e da BBC Mundo.
Enquanto o número de homens que bebem de 4 a 5 doses pelo menos uma vez por mês dobrou no continente americano, no intervalo de 2005 a 2010, a taxa triplicou entre as mulheres. O aumento entre os homens foi de 18% para 29%, já entre elas foi de 4,5% para 13%.
Com o consumo mais pesado, aparecem outros impactos na saúde feminina, como dependência, faltas e queda de rendimento no trabalho e maior número de acidentes. Sem mudar essa cultura do beber em excesso e sem uma educação para o consumo, além de fazer valer as limitações impostas ao consumo de álcool entre as menores, a situação pode ficar ainda mais crítica.
É PSIQUIATRA
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