Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), conversaram sobre a dengue e o representante da OMS sugeriu a possibilidade de o Brasil ser um fornecedor dos imunizantes contra a doença. O encontro ocorreu na segunda-feira, 5, no Palácio do Planalto.
Adhanom está no Brasil para a reunião das maiores economias do mundo (G20), que contará com um grupo de trabalho de saúde. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, participaram do encontro.
Os detalhes da conversa não foram divulgados pelo Palácio do Planalto, apenas que o diretor da OMS havia ventilado a possibilidade de uma aliança com o País para a produção e o fornecimento de vacinas contra a dengue, que poderia envolver tanto o Instituto Butantan quanto a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Adhanom também se comprometeu em dar apoio ao Brasil no combate de problemas como tuberculose, hanseníase, doença de Chagas e doenças transmitidas de mãe para filho, a exemplo da Aids.
É válido salientar que a única vacina disponível e aprovada no Brasil é a Qdenga, da farmacêutica Takeda. Frente a uma dificuldade em escalar a produção, o Ministério da Saúde conseguiu pouco mais de 6 milhões de doses para este ano e, por isso, a vacinação privilegiará crianças de 10 a 14 anos de 521 municípios.
O Butantan, porém, já está nas fases finais do desenvolvimento de um imunizante nacional e em dose única contra a doença. Na quarta, 31, a eficácia do imunizante foi confirmada em artigo publicado na revista científica New England Journal of Medicine (NEJM), uma das mais prestigiosas do mundo.
Na publicação, os pesquisadores descrevem que o imunizante teve 79,6% de eficácia em prevenir a doença, resultado que já havia sido divulgado pelo Butantan em dezembro de 2022, mas que, agora, ganha maior relevância por ser referendado pela comunidade científica internacional. A eficácia de 79,6% é similar à da vacina Qdenga (80,2%).
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O índice de proteção do imunizante brasileiro foi medido por meio do acompanhamento por dois anos de 16.235 voluntários na faixa etária dos 2 aos 59 anos. A fase 3 do estudo, que teve início em 2016, seguirá até que todos os voluntários completem cinco anos de acompanhamento, o que está previsto para acontecer em junho. Depois disso, os pesquisadores pretendem realizar a etapa de análise de dados e elaboração do dossiê para submissão do pedido de registro do produto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que deve acontecer ainda neste ano, segundo o Butantan./COM AGÊNCIA BRASIL E EFE
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