Leucoplasia na laringe de Lula: entenda a lesão nas pregas vocais do presidente eleito

Problema é causado pelo desgaste e pela inflamação do tecido em regiões de mucosa; petista foi submetido a uma laringoscopia

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Por Giovanna Castro
Atualização:

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi internado neste domingo, 20, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para a realização de um procedimento na laringe, com biópsia, após descobrir uma leucoplasia – quando há lesão no local. Lula recebeu alta nesta segunda-feira, 21, pela manhã. O presidente teve um tumor cancerígeno no local em 2011.

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Segundo o boletim médico divulgado pelo Sírio-Libanês, Lula foi submetido a uma “laringoscopia para retirada de leucoplasia da prega vocal esquerda”, que demonstrou “ausência de neoplastia” – quando não há tecido possivelmente cancerígeno.

A leucoplasia foi diagnosticada em 12 de novembro em uma avaliação de rotina. Na época, foram realizados exames de imagens que mostraram completa remissão do tumor diagnosticado no presidente em 2011. “O exame de nasofibroscopia mostra alterações inflamatórias decorrentes do esforço vocal e pequena área de leucoplasia na laringe”, informou o boletim médico de Lula em 12 de novembro.

O que é leucoplasia?

A leucoplasia se caracteriza por placas brancas que podem aparecer em regiões de mucosa, como na boca, laringe, faringe ou nariz. São lesões causadas pelo desgaste e inflamação do tecido desses órgãos, principalmente por causa do tabagismo, da doença do refluxo e do consumo de álcool.

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Tabagismo é um dos principais fatores de risco da leucoplasia. Foto: J.F.Diorio/Estadão

Segundo Luciana Miwa Nita Watanabe, diretora da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), o quadro também pode ser provocado por uma inflamação crônica causada por outra doença. “Se a pessoa tem um quadro de infecção de garganta, por exemplo, em que ela tossiu muito e forçou em excesso as cordas vocais, ela pode ter uma leucoplasia”, diz a especialista.

Com o tempo, a camada de tecido da região atingida pela leucoplasia vai sendo alterada e, em casos mais graves, pode se tornar um câncer. Por isso, quanto antes a pessoa identificar e tratar a lesão, melhor.

“Para identificar a leucoplasia, precisamos fazer, inicialmente, exames de observação. Quando é na boca, só do paciente abrir a boca, a gente já consegue ver, mas na laringe, geralmente, a gente faz um exame de videolaringoscopia, em que a gente usa uma ótica em um sistema de vídeo para ver a parte da laringe”, explica Luciana.

A maioria dos casos de leucoplasia é de faringe e boca. Os homens acima dos 60 anos são os mais afetados pela doença.

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Sintomas

As leucoplasias, em geral, podem ser silenciosas. Por isso, a médica oncologista Aline Lauda, membro do Comitê de Câncer de Cabeça e Pescoço da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), recomenda que pessoas que fumam há bastante tempo, têm doença do refluxo e/ou bebem com muita frequência visitem um otorrinolaringologista a cada um ou dois anos.

Em alguns casos, sintomas como rouquidão, pigarro, ardência, dor e incômodo no local podem ser um alerta. Pessoas que fumam há muito tempo e têm uma alteração na voz, por exemplo, devem procurar o quanto antes um médico para realizar os exames necessários.

“É importante que as pessoas se atentem a esses sintomas e, principalmente, evitem o cigarro ou parem de fumar para que o quadro não evolua para um tumor maligno”, diz Aline. No caso de pessoas com doença de refluxo, é preciso tratar a doença inicial.

Tratamento

O tratamento da leucoplasia varia de caso para caso e demanda avaliação médica especializada. Geralmente, é feita uma cirurgia de retirada da lesão junto a uma biópsia, como foi feito em Lula, mas isso depende do tamanho da leucoplasia e do local em que ela está.

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“O tratamento varia desde o uso de medicamentos com o objetivo de reduzir a inflamação local, até cirurgias de baixa a alta complexidade”, explica Luciana.

Em casos de tumor maligno, Aline diz que o tratamento é delicado, pois não se pode “tratar de mais, nem de menos”.

“A região das cordas vocais, por exemplo, é uma região muito delicada, pois não podemos fazer um procedimento que comprometa a voz do paciente para sempre, mas também não podemos deixar que o tumor cresça”, diz a médica.

Segundo Aline, cânceres de boca e faringe tendem a não se alastrar com facilidade para outras partes do corpo.

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