No domingo, dia 23, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma infiltração na região do quadril. Significa que um anestésico foi aplicado diretamente na articulação – o objetivo era amenizar as dores decorrentes de uma artrose. Também conhecido como osteoartrose, esse problema é caracterizado pelo desgaste das cartilagens articulares, que são os tecidos que revestem a extremidade dos ossos.
A artrose de quadril leva a um desgaste especificamente da articulação formada pela conexão da cabeça do fêmur (osso da coxa) com o acetábulo (a parte do osso da pelve, que se liga ao fêmur). De acordo com o ortopedista Leandro Ejnisman, do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), especializado em quadril, quando dois ossos assim se encaixam, as cartilagens que os revestem funcionam como amortecedores. São elas que permitem movimentos harmônicos e indolores.
“Essa cartilagem é muito espessa, mas, com o tempo, vai ficando desgastada. Algumas vezes, fica tão desgastada que começa a expor o osso”, descreve o médico. Essa situação provoca dor e, em muitos casos, limita a mobilidade do paciente. Ejnisman ressalta que não tem conhecimento detalhado da situação de saúde do presidente, e que está falando de forma genérica sobre o problema.
Incômodo é intenso
O principal sintoma da artrose de quadril é a dor. Ela ocorre geralmente na região da virilha e na parte da frente do quadril. O desconforto costuma piorar quando a pessoa anda muito, fica sentada por tempo prolongado ou se deita sobre o lado dolorido. Além disso, as dores podem irradiar para a região da coxa, da lateral da bacia, das nádegas e até da coluna.
Nas fases mais avançadas da doença, pode ocorrer a redução da amplitude dos movimentos, impondo dificuldades para a execução de tarefas simples, como cruzar a perna, calçar sapatos, cortar as unhas dos pés ou entrar e sair de um carro. Em casos ainda mais graves, pode haver o encurtamento de uma das pernas.
A principal causa da artrose de quadril é o envelhecimento. O problema costuma afetar pessoas com mais de 45 anos. Outras condições podem contribuir para o surgimento do problema, como obesidade, exercícios físicos em excesso, doenças reumatológicas e acidentes. O diagnóstico é feito por meio de exames de radiografia ou ressonância magnética.
O tratamento
Basicamente, existem duas formas de tratar o problema: clínica e cirúrgica. O tratamento conservador consiste na administração de analgésicos e anti-inflamatórios durante as crises de dor, além de sessões de fisioterapia com o objetivo de fortalecer a musculatura local, reduzindo o impacto e melhorando a amplitude dos movimentos.
Quando o tratamento conservador deixa de funcionar, o caminho é a cirurgia, baseada na colocação de uma prótese de quadril. No procedimento, retira-se a cartilagem e os ossos lesionados e eles são substituídos por componentes artificiais.
“A cirurgia tem excelentes resultados e pouquissimas complicações”, afirmou Ejnisman, que também é membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). “Tanto que a revista Lancet, uma das mais prestigiadas do mundo, elegeu a prótese de quadril como a cirurgia do século XX. Pessoas que estavam totalmente incapacitadas, de cama, não só voltaram a ter uma vida normal como até a praticar esportes de impacto”, relata.
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