SÃO PAULO - Quarenta e nove médicos se apresentaram à Secretaria Municipal de Saúde na manhã desta segunda-feira, 3, para trabalhar em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da capital paulista pelo programa Mais Médicos. Do total, uma pessoa desistiu de preencher uma vaga, enquanto outros 29 precisam comparecer até 14 de dezembro.
Das vagas disponíveis, as primeiras a serem preenchidas ficam nas regiões centro-oeste e sudeste ou nas proximidades de estações de trem e Metrô. Caso as vagas não sejam ocupadas, um novo edital deverá ser aberto.
As vagas remanescentes ficam nas regiões periféricas da cidade. Na zona sul, por exemplo, foi preenchida apenas uma das 12 vagas de Capela do Socorro, enquanto restaram todas as seis disponíveis em Cidade Tiradentes e as duas de Itaim Paulista, na zona leste. Também aguardam a apresentação de médicos UBSs de Brasilândia, na zona norte, São Mateus, na zona leste, Colônia e Parelheiros, no extremo sul, e em M’Boi Mirim, na parte sul.
Os profissionais de saúde preencherão as 72 vagas abertas pelo fim do convênio entre os governos brasileiro e cubano, além de seis extras disponibilizadas pelo Ministério da Saúde. Dentre eles, estão nove médicos estrangeiros que fizeram o Revalida. O contrato tem validade de três anos para jornada de 40 horas semanais, das quais 8 horas são de curso de capacitação à distância. O salário líquido é R$ 11.244,56, além de auxílios de alimentação, transporte e moradia, que somam R$ 3.230.
“A partir de hoje, eles podem já ir na unidade básica, se apresentar à coordenadoria regional para levar toda a documentação. Podem iniciar amanhã se toda a documentação estiver correta”, diz Edjane Torreão, coordenadora de Atenção Básica da secretaria.
Em evento nesta segunda, 48 médicos escolheram a UBS em que trabalharão durante três anos. Como a divulgação da lista de locais foi feita na hora, eles faziam consultas na internet, em mapas e a coordenadores de saúde para obter mais informações sobre as unidades.
O primeiro a escolher foi o paulistano Allan Mesquita Brito, de 30 anos, que trabalhará na UBS Santa Cecília, no centro expandido. “O ideal seria ter mais vagas alocadas na região central, seria mais fácil. Quem mora em São Paulo sabe da dificuldade em ir nessas regiões mais complicadas de transporte público e carro.”
Brito é formado há dois anos pela Faculdade de Medicina do ABC e trabalhou em uma empresa privada de transportes e nas Forças Armadas. Ele se inscreveu pouco depois das 8 horas do primeiro dia de preenchimento das vagas.
“Conheci cubanos em UBS que acabaram tendo que sair. As experiências que tive com eles foram boas. Tinham noções atualizadas, muito do esforço próprio deles, porque, na nossa profissão, precisa se atualizar sempre para não ficar para trás”, diz. “Ao mesmo tempo, (a saída dos cubanos) deu oportunidade para médicos novos que precisam também dessa experiência.”
Formada há um mês pela Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), Aline Marques Ribeiro, de 27 anos, terá no programa federal a primeira oportunidade de emprego na área em uma unidade na região do Jabaquara. Ela, assim como outros médicos, relata ter tido dificuldade para acessar o sistema do Ministério da Saúde, o que a fez acreditar que não conseguiria na capital.
“Foi correria (a inscrição). Mas tenho certeza que vai ser um belo início. Todo médico precisa conhecer a Atenção Básica. Fiz um estágio em Saúde da Família na faculdade por dois meses e foi um dos que mais gostei.”
A boliviana Karen Calle Poma, de 30 anos, é uma das estrangeiras que trabalhará em São Paulo, no distrito de Itaquera, na zona leste. Ela obteve em agosto a revalidação do diploma de Medicina, cursado em Santa Cruz de la Sierra após realizar um ano de estudos complementares pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que aplicou em Ituverava, no interior de São Paulo. “Vai ser ótimo conhecer novas experiências. O sistema aqui a gente já conhece.”
Capixaba, Ricardo Martins, de 29 anos, conta que a abertura do edital foi uma oportunidade de acelerar o objetivo de se mudar para São Paulo para cursar uma especialização. Prestes a trabalhar na Vila Prudente, na zona leste, ele pretende se mudar na semana que vem e começar na UBS “o quanto antes”. Para ele, o salário do programa é “muito atrativo”.
Já a baiana Larissa Gusmak, de 29 anos, deixou um emprego em um posto de Indaiatuba, no interior, para trabalhar na capital pelo Mais Médicos. Ela conta que já pretendia participar do programa, mas ele não havia aberto vagas no ano em 2017, quando se formou. “É um programa federal, com verba, tem a garantia de receber o salário em dia, estabilidade”, conta.
Dentre os critérios de escolha, além de mobilidade, Vitor Dedoni, de 23 anos, priorizou uma UBS que já tivesse outro médico atendendo. “Me formei há pouco tempo, quero trabalhar com um colega mais experiente também”, diz ele, que trabalhará na Vila Progresso, zona leste.
De Brasília, Átila de Almeida Silveira, de 28 anos, conta que se identifica com a Atenção Básica desde a faculdade. “A medicina da família é uma medicina muito resolutiva, que resolve 80% dos casos com prevenção e cuidados básicos. É uma área de trabalho que atende todo tipo de pessoa, é uma oportunidade de amadurecimento profissional, de poder ajudar a população que precisa.”
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