Manobra de Heimlich em bebês com engasgo: saiba quando e como fazer

Vídeo de influenciadora utilizando a manobra em filho que engasgou com leite viralizou nas redes, mas especialistas alertam que técnica não deve ser utilizada em engasgos com líquidos

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Por Bárbara Giovani
Atualização:

Na noite da última quarta-feira, 5, a influenciadora Anna Clara Maia compartilhou em suas redes sociais o susto que passou com seu bebê, que engasgou com leite. Em vídeo que viralizou na internet, é possível ver a mãe tentando utilizar a manobra de Heimlich para fazê-lo voltar a respirar. A técnica, no entanto, é recomendada apenas para engasgos causados por objetos sólidos e em casos em que a criança não consegue tossir ou emitir sons, o que indica que as vias aéreas estão completamente obstruídas.

A manobra de Heimlich é recomendada para engasgos causados por objetos sólidos. Foto: MishaelPervak/Adobe Stock

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“Esse é um erro comum de acontecer. Mas essa movimentação é para deslocar um objeto sólido que está entupindo a via aérea. Em líquido, não tem como fazer isso”, explica Tânia Zamataro, pediatra do Departamento de Prevenção e Enfrentamento às Causas Externas da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Segundo a especialista, o caso recente provavelmente se deve a um refluxo do bebê após a mamada. “Na hora que (o leite) subiu para o esôfago, deve ter batido na entrada das vias aéreas”, diz.

Nessa situação, a orientação é diferente. Segundo Zamataro, pais e cuidadores devem levantar o bebê, tirar delicadamente o excesso de leite que está na boca (e não na garganta) e deixá-lo em pé ou sentado, observando de frente sua reação. Se necessário, é possível até dar algumas batidinhas leves nas costas da criança, mas sem exercer muita força. “Em mais de 90% dos casos, o bebê volta a respirar sozinho”, explica.

Ilustração mostra como deve ser manobra de Heimlich no caso de crianças maiores de um ano Foto: Divulgação/Sociedade Brasileira de Pediatria

Manobra de Heimlich: quando executar?

As manobras de Heimlich são um conjunto de técnicas de salvamento para que cuidadores possam, em casa, auxiliar uma pessoa que está engasgada a voltar a respirar normalmente. Elas são válidas tanto para bebês quanto para adultos, mas dependendo da idade e do tipo de bloqueio, a técnica recomendada é diferente.

Primeiramente, é preciso observar o tipo de engasgo da criança antes de executar a manobra de Heimlich. Isso porque ela é indicada apenas em casos de obstrução total da respiração, cujos sinais são falta de ar, agitação sem conseguir emitir sons, palidez e lábios roxos.

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quando esse bloqueio é parcial, a manobra não é recomendada porque os movimentos podem fazer com que o objeto que causa o engasgo se mexa e obstrua completamente as vias aéreas. Em geral, os engasgos com bloqueio parcial da respiração são perceptíveis, porque a criança ainda consegue tossir e esboçar outros sons.

Se esse for o caso, pais e responsáveis devem incentivar a tosse e buscar um serviço de emergência. Não devem bater nas costas, levantar os braços ou colocar os dedos às cegas na garganta da criança.

Em resumo, a orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria é a seguinte:

  • Pais e cuidadores devem executar a manobra de Heimlich apenas quando a criança engasgou com um objeto sólido e não consegue respirar, tossir ou emitir sons;
  • Pais e cuidadores não devem executar a manobra de Heimlich quando a criança engasgou com líquidos ou quando o engasgo foi por objetos sólidos, mas ela ainda tosse ou emite sons.

Passo a passo da Manobra de Heimlich em bebês

Veja abaixo como devem ser as manobras em cada caso:

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Caso as técnicas para desengasgar a criança não funcionem e ela perca a consciência, é preciso deitá-la em uma superfície rígida para iniciar a manobra de ressuscitação. Zamataro recomenda que o cuidador peça ajuda para acionar também o serviço de emergência, que auxiliará no atendimento necessário.

Como evitar o engasgo

Segundo dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade do Datasus, do Ministério da Saúde, 266 mortes infantis foram registradas em 2023 por inalação e ingestão de alimentos que causaram obstrução do trato respiratório. É o maior número dos últimos cinco anos, período no qual houve uma crescente desses casos.

De acordo com Zamataro, crianças na faixa etária abaixo dos 5 anos, principalmente a partir do 3, são mais afetadas pelo engasgo. Isso acontece por inúmeros fatores, que vão desde a imaturidade para deglutir e a falta de dentição completa até a agitação, que faz com que queiram comer pulando e brincando.

Por este motivo, além de terem conhecimento das medidas de primeiros socorros, pais e cuidadores devem estar atentos para evitar que uma criança engasgue. A SBP orienta que:

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  • Deixem o bebê levemente inclinado durante a amamentação, com a cabeça um pouco mais alta que os pés. Para Zamataro, o ideal é esperar cerca de 20 minutos após o arroto para colocar bebês para dormir em posição totalmente horizontal;
  • Ofereçam alimentos bem cortados e em pequenas quantidades, tomando cuidado com comidas que possam se amoldar na via aérea (uvas, tomate cereja, salsicha, por exemplo);
  • Alimentem as crianças apenas quando estiverem acordadas, bem alertas, sentadas ou em pé sem se movimentar (como quando estão andando, brincando, chorando e falando). Nunca alimentar quando elas estão deitadas ou sonolentas;
  • Evitem dar alimentos duros e crocantes até a criança complete 4 anos (pipocas, doces duros, amendoins, por exemplo);
  • Ensinem as crianças a mastigar bem os alimentos;
  • Cuidem dos brinquedos das crianças, evitando que elas coloquem na boca, certificando-se de que são apropriados para a idade e que tem selo do Inmetro.
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