Queiroga contraria cientistas e diz que vacinar crianças não é 'consensual'

O sinal dado pelo ministro é de que uma eventual aquisição das doses pediátricas da Pfizer, se ocorrer, ficará para o próximo ano

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Por Redação
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BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta sexta-feira, 17, que não é "consensual" a vacinação contra covid-19 em crianças, e destacou que a pasta quer discutir o assunto de maneira aprofundada. A declaração ocorre um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter autorizado a aplicação da vacina da Pfizer no público de 5 a 11 anos. A segurança e a eficácia do imunizante foram reconhecidas e especialistas têm destacado a importância da vacinação nessa faixa etária. 

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Mesmo com aval da Anvisa, cabe ao governo federal fazer a compra das vacinas pediátricas contra covid e decidir sobre sua inclusão no Programa Nacional de Imunização (PNI). Segundo Queiroga, essa questão será analisada pela área técnica. A vacinação de crianças encontra respaldo nas evidências apresentadas até aqui pela Pfizer, que passaram por escrutínio de diferentes agências reguladoras internacionais. No Brasil, especialistas da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) participaram como consultores externos da análise realizada pela Anvisa.

"As análises do Ministério, nós também vamos passar para vocês um cronograma, para a sociedade brasileira, todos os 'steps', todos os degraus", disse. "Nós queremos discutir esse assunto de maneira aprofundada, porque isso não é um assunto consensual. Há aqueles que defendem, há os que defendem de maneira entusiástica, há os que são contra, então a gente tem que discutir", acrescentou, em entrevista na porta do ministério.

Marcelo Queiroga disse querer discutir vacinação contra covid de crianças de 5 a 11 anos, mesmo que imunizante da Pfizer tenha recebido aval positivo da Anvisa. Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS - 08/10/2021

Queiroga afirmou ainda que vai ouvir outros órgãos, como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para que as decisões sejam tomadas de "maneira sólida e a sociedade possa confiar nas autoridades sanitárias". O sinal dado por Queiroga é de que uma eventual aquisição, se ocorrer, ficará para o próximo ano.

Na noite de quinta-feira, 16, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que havia pedido os nomes dos integrantes da Anvisa que aprovaram a indicação da vacina contra a covid da Pfizer para crianças, para que sejam divulgados. O presidente, que questiona a efetividade dos imunizantes, afirma que ainda não se vacinou contra a doença, critica a obrigatoriedade da imunização e o chamado passaporte de vacina. "Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos", disse o presidente na tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais que faz às quintas-feiras.

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Após a aprovação da vacina pediátrica da Pfizer, o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, criticou o que chama de "violência antivacina" crescente e os ataques que o órgão vem sofrendo, na quinta, 16. Torres destacou que a pandemia não acabou, mas trabalha para evitar que no país ocorra cenas de superlotação de hospitais como acontece na Europa em razão da variante Ômicron.

O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, manifestou apoio à decisão da Anvisa e destacou que o imunizante já foi aprovado para essa faixa etária pela agência europeia (EMA) e pela agência norte-americana (FDA), entre diversos outros países.

"É importante destacar o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que o público entre 5 e 14 anos é o mais afetado pela nova onda de covid-19 na Europa e, apesar do menor risco em relação a outras faixas etárias, nenhuma outra doença imunoprevenível causou tantos óbitos em crianças e adolescentes no Brasil em 2021 como a covid. A pandemia ainda não acabou e a completa vacinação de toda a população brasileira é urgente", disse, em nota./COM INFORMAÇÕES DA REUTERS