Medicamento inovador contra malária é incorporado ao SUS

Tafenoquina é capaz de curar o paciente com dose única e pode ajudar a reduzir a disseminação da doença

PUBLICIDADE

Por Paula Ferreira
Atualização:

O Ministério da Saúde decidiu incorporar no Sistema Único de Saúde (SUS) um novo medicamento para tratamento da malária. A tafenoquina é capaz de curar o paciente com dose única, o que amplia a eficácia do tratamento e pode reduzir significativamente a disseminação da doença. A portaria de incorporação já foi assinada e a previsão é de que seja publicada no Diário Oficial da União na terça-feira.

PUBLICIDADE

Com a decisão de incorporar a tafenoquina no SUS, a expectativa da pasta é de que o medicamento esteja disponível no segundo semestre. Aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2019, a tafenoquina é um droga inovadora no tratamento da malária e combate à infecção por Plasmodium vivax, tipo mais comum da doença no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 80% dos casos no País são de Plasmodium vivax.

O Brasil foi o primeiro país do mundo com malária endêmica a autorizar o uso do medicamento em 2019. A indicação é de que a tafenoquina seja usada em pacientes de 16 anos ou mais e que tenham atividade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) comprovada por meio de um teste rápido. Aqueles que não tiverem a atividade suficiente da enzima devem utilizar o tratamento tradicional.

Brasil registrou mais de 128 mil casos de malária no ano passado Foto: Stefan Wermuth/Reuters

Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2022, o Brasil registrou cerca de 108 mil casos de malária causados por Plasmodium vivax, cujos pacientes foram provavelmente infectados no País. No total, foram notificadas 128.864 ocorrências da doença no País cuja infecção ocorreu em território nacional.

“O Brasil passa a ser o primeiro país a incorporar esse medicamento e vamos estar na vanguarda. Vamos liderar esse movimento”, afirmou ao Estadão a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel. “A grande melhoria que ele vai trazer é a possibilidade de uma dose apenas. Para aquelas regiões mais remotas, que é onde estão os principais casos, sobretudo em comunidades indígenas, esse medicamento traz uma possibilidade muito mais factível e próxima do que a gente precisa para eliminar a malária como problema de saúde pública.”

Publicidade

Atualmente, o SUS utiliza a cloroquina e a primaquina para tratar a malária. O tratamento combinado dos medicamentos, em geral, é ministrado em sete doses, o que dificulta sua efetividade uma vez que os pacientes interrompem a medicação. Na semana passada, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou a indicação para uso do medicamento, o uso efetivo da droga dependia apenas de uma decisão do Ministério da Saúde e da publicação da portaria.

“Em geral a gente faz dose supervisionada (da primaquina e da cloroquina) ou mesmo entrega sem ter certeza de que a pessoa vai tomar. O que a gente tem visto é que, quando o paciente melhora, ele acaba não tomando todas as doses. Com essa possibilidade de dose única acreditamos fortemente que vamos estar mais próximos da eliminação da malária no Brasil”, explica a secretária.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.