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Ministério da Saúde alerta para espalhamento da febre oropouche no País; 13 Estados já têm casos

Número de diagnósticos da doença quintuplicou entre 2023 e 2024 e já ultrapassa os 5 mil; endêmico na região Norte, vírus agora é identificado em outras áreas do Brasil

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Por Layla Shasta
Atualização:

O Ministério da Saúde fez um alerta para o aumento e a disseminação da febre do oropouche no Brasil. Segundo o órgão, até o dia 13 de março, o País contabilizava 5.102 casos da doença, número cinco vezes maior do que o registrado no ano passado (832). Neste cenário, a pasta chama a atenção de profissionais da saúde para a importância do diagnóstico correto dos pacientes.

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O vírus causador da doença é considerado endêmico – ou seja, típico –, da região amazônica. Entre os casos registrados até o momento, 2.947 estão no Amazonas e 1.528 em Rondônia. No entanto, já há ocorrências e casos em investigação em outros 11 Estados: Bahia, Acre, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro, Piauí, Roraima, Santa Catarina, Amapá, Maranhão e Paraná.

Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, destaca que a ocorrência da doença fora da Região Norte começou a ser registrada há algumas semanas. “A gente acreditou que ia ficar concentrado, mas vimos que houve um espalhamento”, disse ela à Agência Brasil.

Ao Estadão, ela disse acreditar que o principal motivo por trás do aumento no número de casos é a descentralização da distribuição dos testes para diagnóstico do vírus em laboratório. Antes, os exames eram concentrados na região endêmica e realizados, especialmente, em ações de pesquisa, quando aconteciam surtos de outras doenças com sintomas semelhantes, como a dengue.

Agora, uma ação do MS incorporou os exames nos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENs) das demais regiões do Brasil, o que levou ao descobrimento de diversos casos da doença pelo País. “É possível que a febre oropouche já estivesse circulando, mas nós não tínhamos teste diagnóstico para identificar”, relata.

A preocupação surgiu após o Acre decretar estado de emergência pela epidemia da dengue. O MS se dirigiu até lá e, ao fazer a investigação dos casos, foram identificadas muitas pessoas que foram notificadas com a doença, mas que, na verdade, estavam com oropouche.

Número de casos pode ser superior ao registrado

Como já mostrado pelo Estadão, a possibilidade de subnotificação deixa a situação mais complexa. Enquanto locais da Amazônia – principal região afetada – já tinham maior disponibilidade de exames, as demais áreas do Brasil ainda estão iniciando os diagnósticos.

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Essa situação pode sugerir que o número de casos de febre oropouche seja maior do que o que se tem registro. A confusão diagnóstica também contribui para a subnotificação, pois os sintomas da doença se assemelham bastante aos da dengue. Os dois quadros costumam causar dor de cabeça, nos músculos e articulações, além de náusea e diarreia.

Mosquito maruim, transmissor da febre do oropouche Foto: Fiocruz Rondônia Foto: Fiocruz rondônia

Por essa razão, esse vírus – muitas vezes ignorado – só pode ser identificado por exames laboratoriais. Existe apenas um teste capaz de identificar a doença, desenvolvido por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Diante dos casos identificados, o alerta do Ministério pede a atenção dos profissionais de saúde para o vírus oropouche e para a importância dos testes, visando a identificação correta da doença que acomete cada paciente. Isso porque os cuidados devem ser direcionados de acordo com o caso em questão. Segundo Ethel, embora sejam semelhantes, tem sido observado, por exemplo, que os pacientes com oropouche apresentam dor de cabeça mais intensa do que a provocada pela dengue.

No que diz respeito aos riscos associados ao atual número de casos de febre do oropouche, a secretária explica que ainda não há mortes registradas pela doença, mas que, mesmo assim, é importante dar atenção à patologia. Como medidas de prevenção, o MS introduziu estratégias de vigilância da doença e a construção de guias e orientações para os médicos sobre o tema.

Conheça a febre do oropouche

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O vírus oropouche é transmitido aos seres humanos principalmente pela picada do Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. A transmissão ocorre quando um mosquito pica primeiro uma pessoa ou animal infectado e, em seguida, pica uma pessoa saudável, passando a doença para ela.

Ao Estadão, a infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein Emy Gouveia explicou que existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença:

  • Ciclo silvestre: nesse ciclo, animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem carregar o vírus, mas o maruim é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
  • Ciclo urbano: já no ciclo urbano, os humanos são os principais hospedeiros do vírus. O maruim também é o vetor principal, porém, alguns casos também podem estar associados ao Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em ambientes urbanos.

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Como vimos, os sintomas da febre do oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia.

Por outro lado, enquanto os pacientes diagnosticados com dengue podem desenvolver dores abdominais intensas e, nos casos mais graves, hemorragias internas, isso não é observado na febre do oropouche. Neste, os quadros mais severos podem envolver o comprometimento do sistema nervoso central, ocasionando meningite asséptica e meningoencefalite (processo inflamatório que envolve o cérebro e as meninges), sobretudo em pacientes imunocomprometidos./COM AGÊNCIA BRASIL

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