Ministério da Saúde pede para a Fiocruz que divulgue cloroquina como tratamento inicial de covid-19

Ofício endereçado à presidência da Fiocruz solicita "a ampla divulgação desse tratamento, considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos"

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Foto do author Roberta Jansen

RIO -  O 

Ministério da Saúde

orientou a

Fiocruz

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a divulgar amplamente e recomendar o uso da

cloroquina e da hidroxicloroquina

no tratamento precoce de pacientes da

covid-19

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, a despeito das evidências científicas indicarem a ineficácia dos medicamentos no combate ao

novo coronavírus

.

Comprimidos de cloroquina e hidroxicloroquina Foto: REUTERS/George Frey

A própria

Fiocruz

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participa do estudo Solidarity, da Organização Mundial de Saúde (

OMS

), cujos testes com a cloroquina e a hidroxicloroquina foram suspensos há um mês, em 17 de junho, porque todos os resultados obtidos até então apontavam que as substâncias "não reduziam a mortalidade dos pacientes".

Outro grande estudo sobre a eficácia dos remédios, o Recovery, foi conduzido pelo Reino Unido com a participação de mais de 11 mil pacientes. Também em junho,seus principais coordenadores emitiram um comunicado concluindo que "não há efeito benéfico" no uso da hidroxicloroquina.

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Mesmo assim, em 30 de junho, o secretário de atenção especializada à saúde,

Luiz Otávio Franco Duarte

, enviou um ofício endereçado à presidência da Fiocruz e à direção dos institutos Nacional de Infectologia Evandro Chagas (

INI

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) e Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (

IFF

), solicitando "a ampla divulgação desse tratamento, considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos".

O ofício diz ainda: "São medidas essenciais a tomar e divulgar: Considerar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina, mediante livre consentimento esclarecido do paciente com diagnóstico clínico de Covid-19, para tratamento medicamentoso precoce, ou seja, nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)".

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Em nota divulgada na quinta-feira, 16, o ministério confirmou que se trata de "de ofício de caráter administrativo para orientar os institutos e hospitais federais sobre a Nota Técnica divulgada pelo Ministério da Saúde, que trata do enfrentamento precoce da covid-19". E acrescentou: "Cabe informar que a pasta divulgou novas orientações sobre uso de medicamentos, em que a prescrição permanece a critério do médico, sendo necessária também a vontade declarada do paciente".

Perguntado sobre as evidências científicas que embasam tal recomendação, o Ministério da Saúde não ofereceu nenhuma explicação. A pasta está sendo ocupada interinamente pelo general

Eduardo Pazuello

desde a saída do médico

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Nelson Teich

há mais de dois meses. Tanto

Teich

quanto seu antecessor

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Henrique Mandetta

deixaram o ministério por não concordarem com a recomendação da cloroquina no tratamento da doença, como sempre advogou o presidente Jair Bolsonaro.

Diagnosticado com covid-19 na semana passada

, o próprio presidente já apareceu em uma live recomendando o uso do remédio.

Em nota divulgada nesta quinta-feira, 16, a

Fiocruz

confirmou o recebimento do ofício e informou que "está ciente das orientações do Ministério da Saúde sobre o uso “off label” (quando o fármaco é utilizado para uma indicação diferente daquela que foi autorizada pelo órgão regulatório, a Anvisa) da cloroquina e da hidroxicloroquina contra a covid-19". A instituição informou ainda que "entende ser de competência dos médicos sua possível prescrição".

No fim da nota, a Fiocruz lembra que participa,"por designação do Ministério da Saude, e é responsável no Brasil pelo estudo clínico Solidariedade, que avalia a eficácia de medicamentos para a covid 19". O estudo, conduzido globalmente pela

OMS

é aquele mesmo que concluiu pela ineficácia dos remédios.

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