O Ministério da Saúde avalia usar parte do estoque estratégico nacional de vacina contra febre amarela para atender ao pedido de imunizantes feito pelo Rio. O Estado anunciou que vai estender a vacinação para toda a população e investiga a primeira morte suspeita pela doença. A estimativa é de que até o fim do ano sejam necessárias 12 milhões de doses. Desse total, 3 milhões já foram solicitados pelo governo do Estado.
Diante da necessidade de se recorrer ao estoque estratégico, o ministério avalia a possibilidade de pedir à fabricante do imunizante, a Fiocruz, para aumentar a produção. De acordo com a pasta, no entanto, não há risco de falta da vacina. A medida, preventiva, seria adotada para recompor o estoque.
Neste momento, o governo não cogita adotar o fracionamento da vacina, uma estratégia autorizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em casos de emergência. Nessa prática, em vez de se aplicar a dose completa, pacientes receberiam uma fração.
Embora o Ministério oficialmente tenha apoiado a decisão do Rio de estender a recomendação da vacina para toda população, técnicos da pasta ouvidos pelo Estado criticaram a medida, acreditando que a pasta cedeu à pressão política. Oficialmente, porém, o ministério afirma que a vacinação em todo o Estado é uma medida preventiva e se justifica sobretudo em virtude da localização: o Rio está rodeado de Estados onde é grande o número de casos.
Este ano, a Fiocruz forneceu para o ministério 11,5 milhões de doses, já no estoque. A quantidade foi usada para abastecer sobretudo as regiões com mais risco: Minas, São Paulo, Espírito Santo e algumas cidades do Rio, em áreas próximas onde há casos de transmissão. Desde a semana passada, todo o Estado do Espírito Santo é considerado pela Organização Mundial da Saúde como de risco para febre amarela. A recomendação é de que todos os viajantes que se dirijam ao Estado se vacinem.
Morte. A Secretaria de Saúde do Rio investiga o primeiro caso suspeito de morte por febre amarela no Estado. Watila Santos, de 38 anos, morador da localidade rural de Córrego da Luz, em Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea, foi internado na manhã de sexta-feira, no Hospital Municipal Angela Maria Simões Menezes. Tinha taquicardia, febre, dores no corpo e de cabeça. Morreu na madrugada de sábado, após sofrer duas paradas cardíacas. Amostras de sangue foram encaminhadas para o Laboratório Central Noel Nutels, a fim de investigar se a morte aconteceu por febre amarela ou leptospirose.
Até agora, 30 registros suspeitos já foram investigados e descartados no Rio. No fim de semana e nesta segunda houve uma corrida aos postos da capital. Antes do início do surto no Espírito Santo e Minas Gerais, o município do Rio vacinava cerca de 4,5 mil pessoas por mês. Em janeiro e fevereiro, foram vacinadas 100 mil pessoas.
A estudante de enfermagem gaúcha Manuella Bueno, de 24 anos, foi uma das 90 pessoas a procurar na manhã desta segunda o Centro Municipal de Saúde Manoel José Ferreira, no Catete, zona sul. “No Rio Grande do Sul não há esse risco, e eu não havia pensado em me vacinar. Vou visitar a África do Sul, e é obrigatória (a vacina).”
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