WASHINGTON - O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o custo da vacina de sarampo deve aumentar por causa da alta procura mundial. O imunizante é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, há falta de fornecedor global de vacinas para a quantidade comprada pelo País. “Ontem (domingo, 20), o Brasil propôs uma reunião estendida, com mais de dez países, onde pautamos a questão da vacina e a crise de vacina, que é global, já que o sarampo voltou em praticamente todos os continentes. Os Estados Unidos estão numa luta enorme contra o sarampo, México com dificuldade de abastecer, e o Brasil com São Paulo concentrando os casos, e pouquíssimos produtores mundiais de vacina. Imaginamos que o preço da vacina deve ter tendência de alta, porque vai acabar prevalecendo a lei de mercado”, disse Mandetta, a jornalistas, em Washington. O ministro participa de reunião de ministros da Saúde das Américas, na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), na capital americana.
O ministro afirmou que o País foi apoiado a levar a pauta para a Organização Mundial da Saúde, para que as metas de 2020 e 2030 sobre vacinação considerem o tema como um bem imaterial da humanidade. “O Brasil percebe uma falha de mercado na produção de vacinas global”, afirmou Mandetta. Ainda sobre sarampo, o ministro voltou a dizer que há dificuldade em lidar com “uma geração inteira que só tomou uma dose” da vacina. “O Brasil tem uma boa cobertura para primeira dose, que é feita aos 12 meses, mas não tem uma boa cobertura para a segunda dose do sarampo”, afirmou. Ele também disse que “um movimento anti-vacina baseado em 'fake news'” atrapalha a imunização. “E você tem um outro fenômeno, que são as mães atuais que não viram essa doença. As avós viram, mas uma geração mais jovem acha que isso não existe, minimiza, não viveu o estresse que foi controlar essas doenças”, afirmou Mandetta. Em Nova York, a matrícula nas escolas fica condicionada à apresentação do atestado de vacinação contra Sarampo e as famílias devem prestar contas, mesmo se alegarem motivos religiosos para não vacinarem as crianças. Um surto de sarampo na cidade acarretou na nova legislação. A prefeitura de Nova York ordenou a vacinação em áreas da cidade e chegou a estabelecer inclusive multas aos que não se vacinarem. Questionado sobre o tema, Mandetta disse ter dúvida se a política punitiva é o caminho correto. “No caso, é mais a construção de consciência mesmo”, afirmou. Ele mencionou ter ido ao Congresso solicitando que as consequências da não vacinação sejam colocadas em “um patamar um pouco mais importante”. O ministro quer que as escolas solicitem a carteira de vacinação na matrícula, não para impedir a inscrição da criança, mas para comunicar ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar em caso de ausência de imunização básica. O ministro também mencionou que quer que 100% dos homens que, aos 18 anos, se apresentam ao Exército sejam vacinados. Segundo ele, o Bolsa Família é o único programa social no Brasil que condiciona o pagamento do benefício à apresentação da carteira de vacinação em dia.
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