Mortes por câncer na América Latina aumentarão 106% até 2030

Relatório da 'The Economist' mostra que quase 70% das mortes provocadas pela doença ocorrem nas classes média e baixa

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Por Redação

As mortes por câncer, doença que já é a segunda que mais causa mortes na América Latina, aumentarão 106% até 2030 se mudanças significativas não forem feitas na política sanitária da região, alertou um relatório elaborado pela unidade de inteligência da publicação britânica The Economist.

'Como denominador comum notamos que o atendimento aos pacientes com câncer nas zonas rurais é relegado', afirmou Irene Mia, autora do estudo Foto: David Fernández/EFE

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"Estes resultados nos obrigam a ter uma visão comum para enfrentar o desafio, já que na região há muitas prioridades de saúde e os recursos são limitados", explicou Irene Mia, autora do estudo e diretora editorial global de liderança de reflexão da The Economist.

Intitulado "Controle de câncer, acesso e desigualdade na América Latina: uma história de luz e sombras", o texto foi apresentado no Roche Press Day, fórum sobre os últimos avanços da medicina na região e que terminou nesta quinta em Buenos Aires. Para a elaboração foi feita uma pesquisa dos dados disponíveis em 12 países: Brasil, México, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Paraguai, Chile, Bolívia, Uruguai e Argentina.

De acordo com o relatório, entre 60% e 70% dos pacientes da região já são diagnosticados em estágios avançados da doença. Também aponta que a cada ano 1 milhão de novos casos de câncer entram para a lista e quase 70% das mortes provocadas pela doença ocorrem nas classes média e baixa, o que reflete as desigualdades da região.

Os países da América Latina geralmente têm pouca disponibilidade de medicamentos de última geração. Na região, só o Chile possui os remédios mais avançados para tratar o câncer de pulmão, por exemplo. Além disso, só duas nações - o Uruguai e novamente o Chile -, têm equipamentos de radioterapia suficientes para tratar todos os pacientes.

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Segundo Mia, é preciso uma "solução multifacetada" para colocar o câncer na "agenda dos governos". A região, acrescenta o texto, está em fase de crescimento econômico e em franco aumento da expectativa de vida, o que mudou o perfil das doenças.

"Estamos transitando de mortes por doenças epidemiológicas às cardiovasculares e por câncer", esclarece o relatório.

O documento aponta também que na região os riscos maiores são de desenvolver câncer de mama e de próstata. Por outro lado, foi registrada uma diminuição na incidência de câncer de fígado e de estômago.

Uruguai e Costa Rica se destacam por ter realizado os maiores esforços contra o câncer. Bolívia e Paraguai são os mais atrasados.

Conforme o texto, para o controle da doença na América Latina, em média, é investido 4,6% do PIB, enquanto a média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 7,7%.

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"No Peru observamos que o investimento aumentou de 2,3% para 6% do PIB para controlar o câncer", acrescentou Mia.

Só Argentina, Costa Rica, Panamá e Uruguai têm registros de base populacional em nível nacional. México, Peru e Equador só possuem registros hospitalares. Somente Costa Rica e Brasil têm cobertura de saúde universal, enquanto que México, Argentina e Paraguai têm centros de atendimento gratuitos.

"Como denominador comum notamos que o atendimento aos pacientes com câncer nas zonas rurais é relegado", afirmou a especialista.

Os autores do relatório fazem recomendações gerais como desenvolver planos nacionais para o controle do câncer com recursos suficientes, investir no monitoramento de dados e registros adequados, fazer da prevenção e do diagnóstico antecipado prioridades, aumentar orçamentos em assistência médica, diminuir as barreiras de acesso aos tratamentos e dotar os setores de oncologia de equipamento e profissionais especializados./ EFE

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