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Mudanças climáticas geram riscos à saúde

Quanto mais vulnerável a condição socioeconômica da comunidade, mais ela sofre

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Por Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Atualização:
3 min de leitura
Divulgação 

Ondas de calor intenso, tempestades que causam enchentes e deslizamentos e períodos de seca prolongados. Os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde das pessoas são visíveis em todo o mundo. Entre 2030 e 2050, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, sem grandes mudanças nos comportamentos de governos, empresas e populações, 250 mil mortes serão causadas anualmente por conta do desequilíbrio no clima.

“A maior ameaça à humanidade neste momento é a mudança climática. Ela vai trazer fome, mais doenças. Teremos que nos adaptar a novas pandemias, e vamos ter provavelmente mais instabilidade social”, observou Bernd Oberpaur, diretor médico da Clínica Alemana, de Santiago, no Chile, durante debate no 7º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde,realizado pela ociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e pelo Institute for Healthcare Improvement (IHI), com representantes de hospitais da região.

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Os danos às populações podem ser diretos – com surgimento ou agravamento de doenças, por exemplo – ou indiretos, como o impacto das alterações climáticas sobre a produção de alimentos. O desequilíbrio ambiental ainda afeta mais da metade da população mundial que vive em cidades onde a poluição prejudica a qualidade do ar, ocasionando uma piora em doenças respiratórias.

Como mantero sistemade saúderesiliente em tempos decrise foi um dos temasdebatidosno fórum 

Grupos que têm mais dificuldade de se adaptar às alterações de temperatura, como crianças e idosos, estão entre os mais vulneráveis. “As ondas de calor podem ocasionar desidratação, sobrecarga do sistema cardiovascular, com risco de infarto ou um acidente vascular cerebral (AVC) e arritmia”, explica o médico Guilherme Schettino, diretor do Instituto Israelita de Responsabilidade Social do Einstein. “Além disso, há ainda a associação com os casos de doenças mentais, com o crescimento de casos de ansiedade, depressão, e até suicídios.” 

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A condição socioeconômica é outro fator que deixa populações mais suscetíveis aos danos à saúde causados pelas mudanças climáticas. Em sua palestra no fórum, o costa-riquenho Carlos Faerron Guzmán, diretor associado da Planetary Health Alliance, de Harvard, falou sobre fatores determinantes para a saúde das populações, como educação, condições de trabalho e status socioeconômico, mas também destacou as dificuldades enfrentadas por grupos mais vulneráveis, como LGBTQ+ e pessoas com deficiência. “A saúde é o produto final de um processo ecossocial. É um produto dinâmico, e as mudanças nos sistemas naturais da Terra estão impactando de maneira desigual as pessoas”, afirmou Guzmán. “As populações que têm menos poder tendem a ser muito mais afetadas pelas mudanças climáticas. E as pessoas mais afetadas pelas mudanças climáticas são as que têm menos poder para fazer algo a respeito.”

Desafios do setor

O peso que as alterações ambientais extremas impõem sobre as pessoas e sobre os sistemas de saúde pede urgência na adoção de medidas para combater as mudanças climáticas – uma responsabilidade de governos e organizações, inclusive do setor de saúde.

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O diretor-geral da Fundação Santa Fé de Bogotá, na Colômbia, Henry Gallardo, destacou que as instituições que prestam serviço de saúde têm enormes desafios, como diminuir emissões de gases do efeito estufa adotando carros elétricos, ou reduzir a quantidade de plástico não reciclável utilizado nas operações do dia a dia.  

“Sob a desculpa moral de que salvamos vidas, fazemos um dano ambiental imenso. E essa licença não podemos nos dar mais, porque vamos nos tornar ilegítimos rapidamente”, afirmou. Em todo o mundo, o setor de saúde é responsável por cerca de 4,4% das emissões de gases do efeito estufa, segundo a organização Health Care Without Harm.

O professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) Mauro Saraiva, contudo, fez questão de ressaltar a responsabilidade de todos sobre a saúde do planeta, e, consequentemente, das populações. “Há um paradoxo na nossa civilização: os ganhos enormes que obtivemos nos últimos 70 anos – vistos nas taxas de mortalidade infantil e de expectativa de vida, por exemplo – estão em xeque por conta da atividade humana.”