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Neuralgia do trigêmeo: ‘pior dor do mundo’ diminui após jovem passar por novo procedimento

Carolina Arruda implantou uma bomba de infusão que libera morfina diretamente no sistema nervoso central

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Por Bárbara Giovani

Depois de quatro anos, a estudante universitária Carolina Arruda, de 27 anos, relatou nesta quinta-feira, 22, uma melhora na dor que sente. A jovem tem neuralgia do trigêmeo, doença conhecida por provocar a “pior dor do mundo”.

“A dor foi para um nível 4. Fazia pelo menos quatro anos que não diminuía”, explicou a jovem ao Estadão. Geralmente, Carolina sente um incômodo entre os níveis 6 e 7 diariamente. A melhora na sensação durou cerca de quatro horas.

Carolina Arruda e o médico Carlos Marcelo de Barros, responsável pelo tratamento Foto: Carolina Arruda/Arquivo pessoal

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O alívio do incômodo acontece após a jovem passar por uma nova etapa do plano de tratamento oferecido por médicos da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais. No último sábado, 17, ela realizou o segundo procedimento do plano: uma cirurgia para implante de bomba de infusão intratecal de fármacos.

Na prática, um dispositivo é inserido no abdômen da paciente e, por meio de um cateter colocado no sistema nervoso central, libera morfina para o controle da dor diretamente no alvo.

“Uma vez que a bomba libera os medicamentos nos receptores da dor diretamente próximos da coluna vertebral, ao invés de viajar através do sistema circulatório, eles podem aliviar a dor com uma pequena fração em comparação com doses de medicamentos orais”, explicou Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas, presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) e responsável pelo caso.

A bomba injeta a morfina constantemente no sistema nervoso e em doses extras (se acionada pela jovem em uma crise, por exemplo). Segundo Barros, essas injeções extras contêm 1/6 da dose total diária e ainda estão sob ajuste, uma vez que a equipe ainda não descobriu a dose correta para Carolina.

Ela ressalta, no entanto, que a diminuição da dor que sentiu é efeito de uma combinação de tratamentos. Além da bomba de morfina, a jovem permanece com os eletrodos que foram implantados na etapa anterior do tratamento.

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“Eu também estou com uma infusão contínua de ketamina e lidocaína, que são anestésicos. E a metadona, que é um pouco mais forte que a morfina”, contou. A ideia é retirar esses medicamentos e permanecer apenas com os tratamentos de eletrodo e bomba de morfina.

Ainda assim, após a diminuição da dor, Carolina passou por uma nova crise de neuralgia do trigêmeo. “Esperamos amenizar bastante e tornar a vida dela tolerável e mais amável. Mas claro que passará por momentos bons e ruins”, disse Barros.

Relembre o caso

O caso de Carolina ganhou repercussão na internet após ela criar uma vaquinha online com o objetivo de se submeter à eutanásia na Suíça, país onde o procedimento é permitido. Foi nesse momento que médicos da Santa Casa de Alfenas ofereceram novas opções para tratar seu caso.

Com a bomba de infusão, Carolina consegue liberar morfina em seu sistema nervoso em momentos de crise Foto: Carolina Arruda/Arquivo pessoal

O plano de tratamento consiste em quatro etapas possíveis. Em julho, a jovem passou pela primeira delas, uma cirurgia para o implante de eletrodos neuroestimulantes. Eles imitam a onda elétrica de baixa intensidade das fibras nervosas que conduzem a dor pelo corpo e, dessa forma, podem modular o incômodo.

Embora tenha funcionado, o método não foi o suficiente para o caso de Carolina. Isso fez com que Barros optasse por seguir com o plano de tratamento, implantando a bomba de morfina.

Como terceira opção, está a cirurgia para descompressão vascular do nervo trigêmeo. Caso esse método também não funcione, há um quarto tratamento possível para Carolina: uma cirurgia de nucleotractomia trigeminal, que tem como objetivo interromper cirurgicamente a transmissão sensitiva do nervo trigêmeo.

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