Homenageado pelo Fantástico no domingo, 20, o jornalista Maurício Kubrusly, 77 anos, foi diagnosticado com demência frontotemporal (DFT). É uma condição progressiva e degenerativa que atinge principalmente as funções cognitivas e comportamentais e afeta as regiões frontais e temporais do cérebro - áreas diferentes daquelas afetadas pelo Alzheimer, por exemplo.
A DFT é causada pela degeneração das células nervosas nessas áreas do cérebro, levando a uma deterioração das funções cognitivas como memória, linguagem, julgamento e tomada de decisão.
Esse tipo de demência pode levar a mudanças no comportamento, como falta de inibição, perda de empatia e interesse reduzido em atividades sociais. A DFT é relativamente rara em relação a outros casos de demência, como Alzheimer, e ocorre com mais frequência em pessoas com idade inferior a 65 anos. O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica.
“As DFTs são raras, respondem por 1% a 4% dos quadros demenciais, enquanto que o Alzheimer representa de 50% a 60% dos casos”, explicou o neurologista Ivan Okamoto, do Núcleo de Excelência em Memória (Nemo) do Hospital Albert Einstein. “Elas costumam ser mais predominantes entre pessoas mais jovens, com menos de 65 anos; nesta faixa etária respondem por 15% a 20% dos casos.” As DFTs foram descritas inicialmente nos anos 1980.
Maurício Kubrusly deixou São Paulo e hoje vive no sul da Bahia com a esposa, Beatriz Goulart, e com Shiva, seu simpático cachorro.
O ator americano Bruce Willis, de 68 anos, também foi diagnosticado com demência frontotemporal. Com a carreira em pausa desde abril do ano passado, o protagonista de Duro de Matar havia recebido inicialmente o diagnóstico de afasia, um distúrbio de linguagem que afeta a capacidade de comunicação. No entanto, segundo seus familiares, a condição progrediu e a busca por respostas mais claras persistiu até a doença neurológica identificada neste ano.
“Pode reparar que, nos últimos filmes, ele não fala quase nada”, afirmou Okamoto. “O tipo de DFT que o atingiu afeta mais a linguagem.”
Existem três tipos principais de demência frontotemporal:
Variante Comportamental: É o tipo mais comum de demência frontotemporal. Os sintomas incluem mudanças comportamentais e de personalidade, como desinibição, perda de empatia, falta de julgamento, impulsividade e comportamentos compulsivos.
Variante Semântica: Esse tipo de demência afeta a linguagem e a compreensão. Os sintomas incluem dificuldade de encontrar as palavras certas, redução do vocabulário e incapacidade de compreender o significado das palavras.
Progressiva não fluente: Essa forma da demência afeta com mais gravidade a fala e a linguagem. Os sintomas incluem dificuldade de concluir frases, repetição constante de palavras ou frases e dificuldade de compreensão da linguagem.
Segundo Okamoto, o diagnóstico da doença é feito clinicamente.
“Como se trata de um problema menos incidente entre os quadros demenciais há pouco investimento”, contou o especialista. “Mas é importante fazer o diagnóstico diferencial do Alzheimer porque alguns remédios usados nos casos de Alzheimer podem piorar sintomas das DFTs.”
Não há tratamento para o problema. Os médicos costumam indicar remédios para alguns dos sintomas, como compulsão ou depressão, por exemplo.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.