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O que é hidrocolonterapia? Entenda método controverso usado por ex-BBB para limpar intestino

Influenciadora alega que procedimento é capaz de eliminar ‘fezes antigas’; médicos contestam prática e apontam riscos à saúde

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Foto do author Giovanna Castro
Atualização:

A influenciadora e ex-BBB Adriana Sant’Anna chamou a atenção esta semana ao relatar, em um vídeo publicado no Instagram, que se submeteu a um procedimento para eliminar fezes “velhas” do intestino. Chamado de hidrocolonterapia, ou colonterapia, o método utiliza água sob pressão para esvaziar o intestino. O procedimento não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), pois há risco de perfuração do órgão, entre outros prejuízos à saúde.

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“Um das sete maravilhas do mundo”, escreveu Adriana no post em sua página do Instagram. “Eu estava cheia de gases, com dores abdominais terríveis”, afirma, recomendando o procedimento a seus mais de 5 milhões de seguidores.

No mesmo post, Adriana mostra um passo a passo do método e um “antes e depois”, em que sua barriga aparece menos inchada. Durante a conversa entre a ex-BBB e a mulher que aplicou a hidrocolonterapia, é mencionado ainda que as fezes ficam “por toda a vida” presas em cavidades intestinais. “Até por 20 anos”, diz a mulher, que seria brasileira, mas teria aplicado o método nos Estados Unidos, onde Adriana vive hoje.

Influenciadora e ex-BBB mostra que passou por hidrocolonterapia em vídeo publicado no Instagram. Foto: Reprodução/ Instagram: @santanaadriana

Segundo a SBCP, o método não só não é reconhecido e indicado no Brasil como terapia, como também foi condenado nos EUA em 1985 pela Food and Drug Administration (FDA), agência que equivale à Anvisa no país norte-americano. “Com certeza não foi um protocologista que recomendou isso. Não é um ato médico”, afirma o coloproctologista Hélio Antônio Silva, diretor de comunicação da SBCP.

Silva diz ainda que é impossível que as fezes permaneçam no intestino por tanto tempo. Segundo ele, o período de trânsito intestinal é de 24 a 48 horas e, em casos de constipação grave, as fezes permanecem no intestino por, no máximo, 10 dias.

O médico também garante que o procedimento não emagrece: “Deve fazer uma diferença imediata na balança de meio quilo, mais ou menos, mas não emagrece, porque não tira massa muscular nem gordura”.

“Estudos realizados em procedimento cirúrgicos e autópsias nunca evidenciaram a presença de fezes firmemente aderidas à parede do intestino grosso”, afirma a SBCP, em nota.

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Como funciona a hidrocolonterapia e por que não é recomendada por médicos?

O procedimento é uma limpeza do intestino grosso, feita através da aplicação de água ou soro pelo ânus, por meio de um cano de plástico. A justificativa seria uma suposta “autointoxicação” pelo acúmulo de fezes antigas no intestino.

Essa teoria de “autointoxicação”, no entanto, “foi cientificamente desmentida por volta de 1920, quando estudos científicos demonstraram não haver qualquer relação entre a presença de fezes no cólon e algum tipo de intoxicação no nosso organismo”, diz a SBCP.

A entidade médica reconhece que existem situações “muito específicas” em que o cólon deve ser limpo para procedimentos diagnósticos, como a colonoscopia, ou terapêuticos, em determinadas cirurgias. Mas afirma que o procedimento “deverá ser sempre indicado por médico que tenha experiência e que conheça as particularidades de saúde de seu paciente”.

Os potenciais riscos da hidrocolonterapia à saúde são:

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  • Desequilíbrio da flora intestinal;
  • Desidratação;
  • Desequilíbrio hidroeletrolítico;
  • Distensão abdominal;
  • Cólicas;
  • Perfuração do intestino e sangramento por lesão da parede intestinal durante a colocação da sonda ou pela pressão excessiva da água ou soro.

Qual a forma certa de tratar constipação?

De acordo com o porta-voz da SBCP, pacientes com trânsito intestinal lento e/ou constipados, necessitam sempre de uma avaliação médica e, na maioria das vezes, o tratamento é baseado em uma dieta rica em fibras e líquidos, além de atividade física regular.

Algumas medicações também são utilizadas eventualmente, mas sempre com critérios definidos após “minuciosa avaliação médica”. “Nunca utilizamos laxantes para uso crônico, nem lavagem intestinal”, afirma Silva.

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“O nosso trato digestório é povoado por um grande número de organismos comensais (nossa flora intestinal) que são fundamentais no equilíbrio imunológico de todo o corpo humano. Alterações frequentes nessa flora podem ser extremamente prejudiciais”, afirma a SBCP.

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