A apresentadora Fernanda Gentil revelou no último domingo, 24, em seu canal no YouTube, que foi diagnosticada com paralisia de Bell, doença marcada pela perda ou dificuldade de movimentação dos músculos de um lado da face.
Gentil conta que começou a sentir os sintomas quando foi buscar o filho no aeroporto. “Ao beijar ele, senti a minha boca meio dormente”, relata. Nos próximos dias, percebendo que a sensação não havia passado, resolveu procurar um médico e acabou sendo diagnosticada com paralisia de Bell. Apesar do susto, ela conta que está bem e realizando tratamento.
O que é paralisia de Bell?
Também chamada de paralisia facial periférica, é uma inflamação no nervo facial caracterizada pelo enfraquecimento ou paralisia dos músculos de um dos lados do rosto.
Os nervos são responsáveis pela transmissão das mensagens do cérebro para outras regiões do corpo, de acordo com o neurologista Diogo Haddad, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). “No caso dos nervos faciais, estes são responsáveis pelas expressões e movimentações dos músculos da face. Devido à inflamação, contudo, os nervos podem ter as suas funções comprometidas, como no caso da paralisia de Bell”, explica.
O que causa paralisia de Bell?
De acordo com o Ministério da Saúde, não existe um consenso sobre a causa da paralisia de Bell. Há, contudo, algumas hipóteses para explicar o surgimento do quadro. São elas:
- Infecção por bactérias, em especial a que provoca a doença de Lyme;
- Infecção por vírus, como os da herpes simples, labial ou genital; da herpes-zóster (varicela/catapora); da mononucleose; da rubéola e outros;
- Estresse, fadiga extrema, baixa imunidade;
- Mudança brusca de temperatura;
- Distúrbios na glândula parótida (responsável pela secreção de saliva);
- Otite média (infecção no ouvido);
- Tumores;
- Traumas (batidas).
Segundo Haddad, porém, o mais comum é que a paralisia de Bell esteja associada a infecções virais, como a causada pelo vírus da herpes. “É bastante raro que essa doença seja provocada por mudanças de temperatura ou fadiga extrema, por exemplo”, destaca.
Como diferenciar a paralisia de Bell de um AVC?
Além da paralisia de Bell, a dificuldade de movimentação da face pode estar associada a outras doenças, como acidente vascular cerebral (AVC). Nesse caso, contudo, a paralisação não acontece um lado inteiro do rosto (como na paralisia de Bell), mas costuma se concentrar nas partes inferiores da face, segundo Haddad. “No AVC, as partes superiores do rosto, como a testa, não costumam ser afetadas” comenta.
Ainda de acordo com o especialista, o fato de existirem semelhanças entre a paralisação de Bell e um AVC reforça ainda mais a necessidade de buscar um médico no caso do aparecimento de sintomas. “Só o profissional vai conseguir fazer o diagnóstico correto para seguir com o melhor tratamento”, diz.
Vale destacar que, no caso de AVC, de acordo com o Ministério da Saúde, a fraqueza costuma acometer, além da face, outras partes do corpo, como braços e pernas. Além disso, o AVC pode apresentar outros sintomas, como: confusão mental, alteração no equilíbrio ou na visão, alteração na fala ou compreensão e dor de cabeça súbita ou aparente.
Quais os fatores de risco?
Qualquer pessoa pode ter paralisia de Bell. Mas, de acordo com o especialista, pacientes com maior risco de apresentar infecções, como diabéticos, idosos e imunossuprimidos acabam sendo mais suscetíveis a desenvolver o problema.
Qual a gravidade?
De acordo com o Ministério da Saúde, a principal complicação da paralisia de Bell são as lesões na córnea (camada protetora do olho), que podem, inclusive, causar cegueira. Como a paralisia facial periférica muitas vezes impede o fechamento da pálpebra, ela causa o ressecamento dos olhos, facilitando o surgimento dessas lesões.
Apesar disso, esse tipo de desfecho não é comum. O que mais acontece, em 80% dos casos, segundo a pasta, é a recuperação completa dos movimentos faciais. Apesar disso, os pacientes acometidos pela doença podem ter que lidar com dificuldades estéticas e funcionais, que potencialmente prejudicam a sua qualidade de vida.
A boa notíca é que, segundo o neurologista do Oswaldo Cruz, a paralisia de Bell não costuma voltar a aparecer. “Trata-se, na maioria das vezes, de uma reação inflamatória secundária e, por isso, não tão comum. Também por esse motivo, não há formas de prevenção contra o quadro”, explica.
Qual o tratamento da paralisia de Bell?
Depende da gravidade da doença. Em grande parte dos casos, a paralisia facial periférica costuma regredir sem tratamento, segundo o especialista. Quando isso não acontece, contudo, o tratamento consiste principalmente no uso de corticosteroides (ou seja, anti-inflamatórios hormonais) para combater a inflamação. Nos casos em que a paralisia está relacionada à presença de vírus ou bactéria, podem ser usados medicamentos para combater essas infecções.
Devido aos riscos de lesão na córnea, Haddad informa que é preciso ter atenção especial com os olhos. “São usados colírios lubrificantes e, eventualmente, tampões para manter os olhos fechados”, comenta. Ele destaca também que o tratamento pode incluir fisioterapia para recuperar os movimentos da fase.
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