Dá para aprender muita coisa nesse período de três anos de crise da covid-19. Uma delas é que pandemias não acabam. A situação emergencial está terminando agora, conforme decidiu a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira, 5, mas a pandemia continua. Há quem diga que uma pandemia só acaba quando começa outra, não sou tão radical assim.
Aprendemos que para combater uma pandemia precisa de governo. Não tivemos governo nesses três anos da pandemia de covid-19. Por isso, hoje temos uma mortalidade muito maior do que a maioria dos países. Houve 7 milhões de mortes, pelas contas oficiais, no mundo. Com 3% da população, o Brasil teve 10% dos óbitos.
Foram 700 mil vítimas no País, também segundo os dados oficiais. Mas, na verdade, as coisas foram piores. Durante a pandemia, apontam estudos, o Brasil, que tinha expectativa de vida ao nascer de 76 anos, passou para 72 anos. Perdemos quatro anos de expectativa de vida graças à forma como mal gerimos essa pandemia.
Aprendemos que é importante ter o Sistema Único de Saúde (SUS), ter um sistema de saúde que atenda a todos, que seja acessível a todos, além de responsável por aplicar as vacinas, que salvaram tantas vidas. Essas são as lições que não podemos nos esquecer.
*É medico sanitarista, ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ex-secretário municipal de Saúde de São Paulo
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.