Três doses da vacina Pfizer contra a covid-19 são capazes de melhor neutralizar a variante Ômicron, anunciaram as farmacêuticas Pfizer e BioNTech, nesta quarta-feira, 8. Segundo as empresas, resultados preliminares de um estudo laboratorial inicial, ainda sem publicação em revista científica, mostraram que o reforço aumenta em 25 vezes a quantidade de anticorpos neutralizantes contra a nova cepa. No dia anterior, um estudo preliminar feito na África do Sul havia mostrado que a Ômicron escapa apenas parcialmente da proteção dada pela vacina.
Os laboratórios seguem coletando dados laboratoriais e avaliando a eficácia no “mundo real” para confirmar a proteção da vacina contra a Ômicron. Enquanto isso, também estudam adaptar o imunizante à cepa – a vacina adaptada deve ficar pronta em março de 2022.
Com esquema vacinal de duas doses, a quantidade de anticorpos neutralizantes contra a variante identificada na África diminui, em média, 25 vezes em relação aos produzidos contra o vírus original. Mesmo assim, as farmacêuticas acreditam que indivíduos que receberam duas vacinas podem estar protegidos contra formas graves da doença causada pela Ômicron.
“Embora duas doses da vacina possam oferecer proteção contra doenças graves causadas pela cepa Ômicron, fica claro, a partir desses dados preliminares, que a proteção é melhorada com uma terceira dose de nossa vacina”, disse a CEO da Pfizer, Albert Bourla. “Garantir que o maior número possível de pessoas esteja totalmente vacinado com as duas primeiras doses e uma de reforço continua a ser o melhor caminho para impedir a disseminação da covid-19.”
Enquanto muitas perguntas sobre a nova linhagem do vírus seguem sem resposta, os laboratórios indicaram estar estudando uma adaptação da composição do imunizante à variante desde 25 de novembro. “Continuamos a trabalhar em uma vacina adaptada que, acreditamos, ajudará a induzir um alto nível de proteção contra a doença induzida pela Ômicron, bem como uma proteção prolongada em comparação com a vacina atual”, declarou o CEO e co-fundador da BioNTech, Ugur Sahin.
A depender das decisões de órgãos reguladores, as farmacêuticas indicaram que a vacina adaptada estará pronta para entrega em 100 dias, em março de 2022. As empresas também disseram ter iniciado testes clínicos com imunizantes específicos para outras variantes (Alfa, Beta, Delta e uma “mistura” de Alfa e Delta).
Já o estudo realizado por pesquisadores ul-africanos, publicado online nesta terça-feira, 7, descobriu que anticorpos produzidos por pessoas vacinadas eram menos eficientes em evitar a infecção pela Ômicron do que outras formas do coronavírus já conhecidas. Cientistas disseram que, de certa forma, os resultados foram preocupantes, mas não causaram pânico.
Alex Sigal, um virologista do Africa Health Research Institute em Durban, na África do Sul, que conduziu o estudo, temia que as vacinas pudessem não fornecer alguma proteção contra a variante. Era possível que a Ômicron tivesse desenvolvido uma nova forma de entrar nas células, que tivesse tornado os anticorpos de vacinas inúteis. Mas não foi o que aconteceu.
Sua equipe descobriu uma diferença entre os dois grupos de voluntários. Os anticorpos das seis pessoas vacinadas não infectadas eram muito fracos contra a Ômicron. Mas, entre os voluntários que tiveram covid antes da vacinação, cinco em cada seis ainda produziram uma resposta potente.
Uma razão para a diferença é que as pessoas que são vacinadas depois da infecção produzem níveis mais altos de anticorpos do que as que não foram infectadas.
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