A proposta aos governos é fruto de um trabalho de 12 meses que incluiu especialistas de todo o mundo, incluindo da Universidade de São Paulo (USP). “Temos evidências sólidas para mostrar que manter o consumo de açúcar abaixo de 10% do consumo de energia reduz os riscos de sobrepeso, obesidade e problemas dentários”, declarou Francesco Branca, diretor da OMS para Nutrição. “Fazer mudanças em políticas nessas áreas será fundamental se governos quiserem atingir suas metas de redução de doenças intransmissíveis.” Para a OMS, porém, famílias que conseguirem ainda reduzir o consumo a menos de 5% estariam garantindo de forma ainda mais enfática sua condição de saúde. De acordo com a entidade, uma grande parte do consumo de açúcar hoje está “escondida em alimentos processados e que não são vistos normalmente, como doces”. Por exemplo, uma colher de ketchup contém 4 gramas de açúcar. Uma só lata de refrigerante teria 40 gramas de açúcar. Uma pesquisa no supermercado americano indicou que 80% dos produtos contêm açúcar adicionado. Em apenas uma bebida energética haveria 27 gramas de açúcar, mais da metade da recomendação. Um suco de laranja contaria com 24 gramas, contra 26 para um suco de maçã. Impostos. Para a entidade, governos precisam restringir a publicidade para crianças de refrigerantes e de alimentos processados, além de elevar impostos sobre produtos com altos valores de açúcar. Outra medida sugerida é reforçar leis sobre a etiquetagem de produtos para incluir detalhes sobre o volume de açúcar. A OMS também pede que governos e a indústria de alimentos negociem uma redução no volume de açúcar nos alimentos processados. Na visão da OMS, essas medidas começam a ser adotadas em alguns países, como Finlândia, França e México, com impostos de até 88%. No caso mexicano, a esperança é de uma queda de 15% no consumo de refrigerantes. Na Hungria, estudos apontam que impostos geraram uma mudança no padrão de consumo e, nos EUA, pesquisas revelam que um aumento de taxas levaria a uma queda no consumo de calorias em 10%.