A Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicou nesta quinta-feira, 9, que Omã, na Ásia, notificou, em 5 de janeiro, um caso de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês) - conhecida popularmente por “gripe do camelo” -, doença causada por um tipo de coronavírus, assim como o da covid-19 (o Sars-CoV-2). Nenhum caso secundário foi relatado, de acordo com a OMS, mas a agência internacional acredita que casos adicionais da infecção possam ser registrados no “Oriente Médio e/ou outros países onde o Mers-CoV está circulando em dromedários”.
Segundo a OMS, o caso é de um homem de 60 anos com comorbidades, residente da província de North Batinah no país do Oriente Médio. Ele desenvolveu sintomas como desconforto no peito, falta de ar e febre, que duraram seis dias. Em 2 de janeiro, procurou um hospital, onde foi internado. Posteriormente, apresentou melhora clínica e recebeu alta em 16 de janeiro.
A síndrome é uma infecção respiratória viral causada por um coronavírus, o Mers-CoV. Os seres humanos são infectados pelo vírus por meio de contato direto ou indireto com dromedários (hospedeiros do vírus). O vírus demonstrou a capacidade de ser transmitido entre humanos principalmente em ambientes de saúde - fora deles, a transmissão entre humanos é limitada.
O paciente de 60 anos relatou não ter tido qualquer contato físico com animais desse tipo. Uma investigação da exposição aos fatores de risco detectou, porém, um exercício de corrida de dromedários realizados na mesma área da residência dele.
Segundo a OMS, 76 contatos próximos do paciente foram acompanhados por 14 dias a partir da data da última exposição. Sete desenvolveram sintomas respiratórios leves (cinco profissionais de saúde e dois familiares), foram testados e obtiveram resultado negativo para a infecção.
A infecção pelo Mers-CoV pode causar doença grave, com alta mortalidade. Desde 2012, globalmente, o índice de letalidade da doença é de aproximadamente 36% (taxa pode estar superestimada por causa de casos leves que passam despercebidos e não são testados e confirmados), afirma a OMS. Não há nenhuma vacina ou tratamento disponível atualmente.
Casos de Mers são raros em Omã. Desde junho de 2013, um total de 26 casos e sete mortes foram relatados pelo país à OMS. O último registro de confirmação havia sido em maio do ano passado.
Embora nenhum outro caso tenha sido registrado após a confirmação de infecção no paciente de 60 anos, a OMS disse acreditar “que casos adicionais de infecção por Mers-CoV sejam relatados no Oriente Médio e/ou outros países onde o Mers-CoV está circulando em dromedários, e que os casos continuem a ser exportados para outros países por indivíduos que foram expostos ao vírus através do contato com dromedários ou seus produtos, ou em um ambiente de saúde”.
Por ora, os conselhos da OMS envolvem vigilância por parte dos estados-membros; prevenção e controle de infecções em ambientes de saúde (a transmissão de humano para humano de Mers-CoV em ambientes de saúde tem sido associada a atrasos no reconhecimento dos primeiros sintomas da infecção); e prevenção na comunidade, com medidas gerais de higiene (como lavagem regular das mãos e evitar consumir produtos crus de camelo). A OMS não aconselha quaisquer restrições de viagem ou comércio.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.